Projeto Dendebio prevê clonagem vegetal para produção de biodiesel no Amazonas
23/02/12 – Uma biofábrica experimental (laboratório) capaz de definir uma metodologia para a produção de plantas in vitro em escala, utilizando-se da clonagem vegetal para replicar cultivares recomendados de dendê. Este é um dos propósitos do projeto “Biofábricas Integradas à Agricultura Familiar – Dendebio”. O projeto está sendo executado pela Embrapa Amazônia Ocidental, em Manaus, desde 2009, e recebe financiamento do Finep/MCTI, em parceria com a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (SECTAM).
Atualmente estão sendo testadas e aperfeiçoadas técnicas de biotecnologia vegetal específicas para o dendê. A intenção é a partir de uma pequena amostra de tecido de uma planta produzir clones, que integram as mesmas qualidades da planta doadora. Assim, em um futuro próximo, será possível ampliar a produção de mudas de cultivares recomendadas da espécie Elaeis sp. que serão destinadas aos produtores rurais do Amazonas, no contexto da agricultura familiar para a produção de biodiesel.
A pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental, Regina Quisen, responsável pelo projeto Dendebio, avalia que é necessário desenvolver tecnologias competitivas, seguras e sustentáveis para a expansão da dendeicultura no país, tal como o programa de pesquisa em melhoramento genético desenvolvido pela Embrapa desde a década de 80. Este programa, após 30 anos de existência tem apresentado excelentes resultados, como a produção de oito cultivares de dendezeiro do tipo tenera, sete delas registradas no Registro Nacional de Cultivares do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento RNC/MAPA em 2006, e o registro do primeiro híbrido interespecífico entre caiaué e o dendê africano (registro no RNC/MAPA em 2009), além da comercialização de mais de 8 milhões de sementes germinadas desde 1992, e que ocupam aproximadamente metade da área cultivada com dendezeiro no país. A Embrapa mantém uma coleção de germoplasma de dendezeiro estabelecida na empresa considerada uma das mais completas do mundo e com grande valor estratégico.
Benefícios
Segundo a pesquisadora, o dendê na Amazônia, é uma das melhores opções para o desenvolvimento sustentável da agricultura na região, incluindo a recuperação de áreas degradadas. Ela enumera, dentre outros benefícios, que o cultivo do dendezeiro é capaz de manter a mão-de-obra no campo com a garantia de uma excelente remuneração, além do longo período para exploração (aproximadamente 25 anos), requer baixa mecanização e grande potencial de fixação de carbono. "O óleo do dendê também é uma das melhores opções para a produção de biodiesel, tanto do ponto de vista econômico quanto do ambiental", afirma Regina.
Regina Quisen explica que o dendezeiro se destaca dentre as oleaginosas pelo fato de apresentar maior produtividade que gira em torno de 4 a 6 toneladas de óleo por hectare ao ano, além do amplo uso na indústria de alimentos, farmacêutica e química.
Prioridade
O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), lançado pelo Governo Federal, em 2004, indicou o dendê como espécie prioritária para a Região Norte. Como incentivo ao desenvolvimento da cultura do dendê, os produtores de biodiesel que adquirirem o óleo ou cachos de dendê da agricultura familiar, em percentual mínimo de 10% da matéria-prima para a produção do biodiesel, podem receber o Selo de Combustível Social e serem isentos de tributos federais (PIS e Cofins) e os agricultores que plantam dendê também se beneficiam com condições especiais de financiamentos.
A pesquisadora explica, ainda, que o PNPB estabeleceu metas para a adição compulsória de biodiesel ao combustível fóssil, no mínimo de 2%, a partir de 2008, e 5%, a partir de 2013, prazo que pode ser antecipado.
CIÊNCIA EM PAUTA/SECTAM, por Luciete Pedrosa.