Um barco a serviço da educação

Samaúma é uma árvore de dimensões gigantescas encontrada na floresta amazônica. Conhecida como rainha da floresta, com mais de 30 metros de altura, ela produz sementes em forma de cápsulas, cheias de fibras sedosas, que, quando se abrem, se espalham pelo ar, e quando caem, germinam outras de sua espécie. Nada mais justo do que a ár vore emprestar seu no me a um projeto que vem semeando educação e cidadania entre a população ribeirinha da Amazônia: o Barco-Escola Samaúma.

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Ação de responsabilidade social da Petrobras na Região Amazônica, essa parceria com o Serviço Nacional da Indústria (Senai) na área do ensino profissionalizante ganhou novo fôlego. Em março, a companhia renovou com o Senai Amazonas, pelo oitavo ano consecutivo, o convênio para a manutenção do projeto Barco-Escola Samaúma, unidade fluvial que desde 1979 visita as populações ribeirinhas oferecendo cursos em diversas áreas e contribuindo para gerar emprego e renda nas comunidades.

O convênio foi assinado pelo gerente-geral da UO-AM, Luiz Ferradans, pelo diretor regional do Senai Amazonas, Al demurpe Barros, e pelo vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Athaydes Félix. Os recursos serão destinados à produção do material didático (apostilas, blocos, pastas, canetas e cer tificados), atualização dos equipamentos, compra dos uniformes dos alunos, fornecimento de combustível e de lubrificantes e manutenção da embarcação e dos laboratórios.

“O mais importante deste projeto é que ele contribui para a fixação do homem na região. Os cursos oferecidos atendem aos interesses dos ribeirinhos, evitando que deixem seus municípios em busca de profissão e emprego na cidade grande”, explica o gerente de Comunicação e Segurança de Informações (CSI) da UOAM, Mauro Martinez.

Ele lembra que em Manaus residem 51% da população do estado. Grande parte vem de outros municípios por causa da falta de oportunidades. “O Samaúma oferece cursos profissionalizantes, e dentro das diretrizes de sustentabilidade – econômica, social e ambiental –, a unidade inclui mais um atributo, que é o legado do conhecimento, pois é importante que o homem e a floresta fiquem de pé. Oferecer educação e oportunidade de trabalho melhora o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), melhora a saúde das pessoas e desperta sua auto estima”, enfatiza.

O diretor regional do Senai-AM, Aldemurpe Barros, comemora a renovação do convênio. “Temos a missão de levar conhecimento a uma população extremamente desassistida. Esta parceria que já completa oito anos com a Petrobras é muito bem-vinda, pois estamos falando de uma empresa muito responsável socialmente. Esta união garante vida longa ao Samaúma”.

Empreendedorismo

O Barco-Escola Samaúma integra a Escola Senai de Ações Móveis e Comunitárias há 32 anos – sendo que há oito conta com o apoio da Petrobras. Ele iniciou seu trabalho percorrendo as comunidades ribeirinhas do Amazonas para oferecer cursos profissionalizantes que permitem melhorar a empregabilidade e gerar ações empreendedoras. O sucesso da iniciativa levou o Senai a ampliar sua atuação, e hoje o Samaúma ultrapassa os limites do estado, levando conhecimento a populações de outras bacias hidrográficas.

Desde 1979, o Samaúma atendeu 40.997 alunos em 45 municípios amazonenses, oito paraenses, dois acreanos e um roraimense. Este ano, o objetivo é formar 1.900 pessoas em Manicoré, Novo Aripuanã, Borba, Urucará, Maués e Urucurituba, no Amazonas.

O sistema de atendimento da unidade fluvial obedece aos pedidos feitos pelas prefeituras. Depois, é divulgado o programa dos cursos e, em seguida, são abertas as inscrições. O barco permanece aproximadamente 50 dias em cada município, oferecendo aulas nos laboratórios e também em terra firme. O Samaúma é climatizado e tem oficinas de Marcenaria e de Mecânica, além de cozinha e salas de aula.

“É muito bonito ver a mobilização das pessoas quando o barco chega. É um momento de muita alegria e de orgulho para os ribeirinhos. Nas formaturas, as cidades ficam em festa”, conta o gestor de Projetos da CSI, Jair Silva. Entre os ex-alunos do Barco-Escola estão prefeitos, vereadores e líderes comunitários, que começaram suas carreiras profissionais com o curso do Senai ou que aproveitam a presença da unidade fazendo cursos de aprimoramento, como os de Informática.

Oportunidades locais

Jair cita outra vantagem do projeto, que é sua capacidade de se atualizar sempre para oferecer cursos que atendam às demandas regionais. “Nas cidades ribeirinhas, hoje em dia, muitas pessoas têm motocicleta para se locomover. O Barco-Escola passou a oferecer o curso de mecânica de motos e foi um sucesso, pois empregou muita gente na região”. Em muitos municípios, o conhecimento adquirido gerou benefícios coletivos, com a realização de reformas hidráulicas e elétricas em escolas.

Este ano, o Samaúma vai oferecer 20 cursos, entre eles os de pedreiro, instalador elétrico residencial, instalador hidráulico residencial, marceneiro de pequenos objetos, marceneiro, mecânico de motocicleta, mecânico de motor de popa, mecânico de motor a diesel, padeiro, confeiteiro industrial, higiene na manipulação de alimentos, modista, costureiro, aprender a empreender, informática básica e avançada e educação alimentar.

O sucesso e a longevidade do Barco-Escola levaram o Senai-AM a planejar o Samaúma 2, embarcação em construção e que foi pensada dentro dos conceitos de sustentabilidade e de inovação tecnológica. O novo barco será maior e contará com sistema de tratamento de esgoto das águas consumidas e utilizadas, uso de energia solar e Internet 24 horas, destinada ao entretenimento e a cursos de atualização dos instrutores, promoção de conferências e iniciativas de inclusão digital. O Samaúma 2 deverá entrar em funcionamento em 2012.

 

Imagem 2: Os jovens das comunidades ribeirinhas são os maiores beneficiários do projeto (Senai Amazonas).

Imagem 3: O barco ancorado em Barcelos, no Rio Negro (AM) – conhecimento rio acima, rio abaixo (Senai Amazonas).

Fonte: Revista Petrobras, Maio de 2011