Presidente do CNPq toma posse e destaca desafios da ciência com o país
Ao tomar posse como presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), o engenheiro eletrônico Glaucius Oliva, ressaltou os avanços alcançados pela ciência brasileira nos últimos anos e o desafio do país quitar dívida histórica. A solenidade de posse foi presidida pelo ministro da Ciência e Tecnologia (MCT), Aloizio Mercadante, nesta quinta-feira (27), em Brasília, com a presença de autoridades da comunidade científica e tecnológica, entre elas, o secretário de Estado de Ciência e Tecnologia do Amazonas (SECT), Odenildo Sena, a diretora-presidenta da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), Maria Olívia de Albuquerque Simão, e a presidente da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica (ABIPTI), Isa Assef dos Santos.
Em seu discurso, Oliva destacou a importância das fundações de amparo à pesquisa como parceiras essenciais para o desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I), e os novos desafios que precisam ser enfrentados pelo sistema para atender as demandas da sociedade. “Temos sido capazes de gerar riqueza e bem-estar no Brasil, porém para apenas uma fração da sociedade. Temas como acesso a emprego e renda, educação, habitação, alimentação, desenvolvimento sustentável e preservação do meio ambiente constituem hoje grandes dívidas da nação. Temos que continuar a mostrar que o crescimento econômico e social envolve necessariamente o desenvolvimento e disseminação ampla da ciência, da tecnologia e da inovação”, disse, reforçando a importância de aproximar os que fazem ciência, dos que consomem ciência, e dos que financiam ciência.
O presidente do CNPq ressaltou, ainda, a necessidade de definir, em conjunto com a sociedade e o Congresso Nacional, um novo marco legal adaptado às especificidades do trabalho de pesquisa, desburocratizando importações, compras, contratações, revendo ainda normas e procedimentos internos, com o aprofundamento da informatização. “Neste sentido, o CNPq lançará nas próximas semanas, um tutorial online, em modelo Ensino à Distância, para orientar pesquisadores, importadores e despachantes, em todas as etapas do processo de importação para pesquisa”, adiantou.
Oliva citou também que é preciso aportar recurso para educação básica, principalmente reforçando a matemática para a formação pesada de engenheiros. Para ele, o trabalho deve começar pela sensibilização dos jovens para a carreira das diversas engenharias, área estratégica para o país, base para o processo de inovação.
Outro desafio mencionado pelo presidente do CNPq foi o de continuar dando ênfase à prática da ciência em rede, “com forte interação nacional”, fazendo com que as entidades e pesquisadores das diversas regiões do país trabalhem de forma integrada.
Ministro Mercadante
Em sua fala, o ministro da Ciência e Tecnologia Aloizio Mercadante, destacou que os critérios que nortearam a escolha do professor Glaucius Oliva para a presidência do Conselho foram a sua longa e reconhecida carreira acadêmica e a experiência como diretor de Engenharias, Ciências Exatas e Humanas e Sociais da Agência.
Mercadante realçou os desafios e as metas a serem alcançadas pela nova gestão, destacando que é preciso eleger prioridades, mas sem tolher a capacidade de fazer ciência livre e plural. Uma dessas prioridades é o setor de engenharia. “Nós formamos um engenheiro para cada 50 formandos, a Coreia tem um engenheiro para cada quatro formandos”. Outro exemplo citado pelo ministro foi o caso do Centro de Biotecnologia da Amazônia, que conheceu em sua recente viagem ao Amazonas. O Brasil é o país com mais conhecimento e publicações sobre copaíba nos últimos dez anos, mas não tem nenhuma patente, a maioria está nos EUA. “Precisamos buscar repatriar nossos cientistas e pesquisadores. Mas, devemos ir além, e atrair ainda profissionais estrangeiros. Hoje, o Inpa na Amazônia desenvolve um projeto pioneiro neste sentido.
O ministro falou ainda da necessidade de mostrar para a sociedade a importância da ciência, da tecnologia e da inovação. “Recentemente, vimos o Congresso cortar parte do orçamento destinado à ciência e à tecnologia. Precisamos da ciência mais presente. Neste sentido, mostrar que podemos influenciar de forma positiva nas principais questões que movem o País”, disse.
Outro desafio mencionado pelo titular do MCT foi o de atender as necessidades da nova geração, que é digital, e que precisa ter acesso à internet. Para ele é importante melhorar o uso desse meio, tornando-o mais atrativo. Anunciou ainda que vai começar com a modernização do site do ministério. “Porque não colocar uma área que o cientista possa postar um vídeo onde relata sua tese? Além disso, informações a respeito de suas produções. Precisamos mostrar mais a cara da nossa ciência. Precisamos usar a Internet com mais afinco”, sugeriu. “Devemos ainda criar mais mecanismos para despertar em nossos jovens o interesse pela ciência. Hoje, temos a Olimpíada de Matemática. Isso deve ser replicado também para outras áreas”, acrescentou.
O ministro do MCT citou também as dificuldades com relação à burocracia que hoje torna os resultados da ciência e tecnologia mais morosos. “Temos uma dificuldade muito grande de importar matéria-prima para pesquisa. Já conversei com diversos órgãos no sentido de agilizar esse processo. Sugiro que criemos um porto e aeroporto, com pessoas treinadas, que sirvam de exemplo em termos de agilidade. A liberação desses materiais não pode demorar mais de 24 horas”, disse.
E, por último, ele enfatizou a necessidade de transferir o conhecimento produzido nas academias para o setor produtivo, promovendo assim a inovação. “As universidades não podem ser vistas como vitrines de bons produtos e que não hora em que o empresário sente a necessidade vai lá e adquire aquilo que deseja. Precisamos fazer o caminho inverso. Precisamos sair das universidades e olhar para o mercado e focar em suas necessidades. A inovação precisa gerar riqueza e, principalmente empregos”, finalizou.
Foto 1: Carlos Aragão, ex-pres. CNPq, Glaucius Oliva, atual pres. do CNPq, Maria Olívia Simão, diretora-presidenta da FAPEAM, e o titular da SECT, Odenildo Sena
Foto 2: Ministro da Ciência e Tecnologia dá posse ao presidente do CNPq
Ascom/SECT