Desmatamento na Amazônia cai 14% e alcança menor taxa em 22 anos
Entre agosto de 2009 e julho de 2010, a Amazônia perdeu 6.450 quilômetros quadrados de floresta. É a menor taxa anual de desmate registrada pelo Inpe desde o início do levantamento, em 1988
Entre agosto de 2009 e julho de 2010, a Amazônia perdeu 6.450 quilômetros quadrados (km²) de floresta. É a menor taxa anual de desmate registrada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), desde o início do levantamento, em 1988.
A área desmatada equivale ao tamanho do Distrito Federal ou a quatro vezes o da cidade de São Paulo. O número foi divulgado nesta quarta-feira (1°) pelo diretor do Inpe, Gilberto Câmara, e representa uma queda de 14% em relação ao ano passado, quando o desmatamento atingiu 7,6 mil km² da Amazônia Legal.
"É um número auspicioso, é uma redução de 14% em relação ao ano anterior, que já teve uma redução significativa", avaliou Câmara.
A taxa é calculada pelo Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), que utiliza satélites para observação das áreas que sofreram desmatamento total, o chamando corte raso.
O desmatamento anual ficou acima do esperado pelo governo, que projetava uma taxa de 5 mil km².
Segundo Câmara, o Inpe registrou redução significativa do desmatamento nos três estados que tradicionalmente lideram o ranking de derrubadas: Mato Grosso, Pará e Rondônia. O estado do Pará, no entanto, continua como o maior devastador, com metade da área desmatada (3.710 km2).
Com a taxa de anual de 6 mil km², o Brasil se aproxima da meta de reduzir o desmatamento da Amazônia em 80% até 2020. Pelo cronograma, assumido em compromisso internacional, daqui a dez anos, o país chegará a uma taxa anual de 3,5 mil km² de desmate. O governo já cogita antecipar o cumprimento da meta para 2016.
De acordo com o Inpe, a margem de erro da estimativa anual de desmatamento é de 10%, ou seja, pode resultar em uma variação de 645 km² para ou mais ou para menos quando os dados forem consolidados.
(Informações da Agência Brasil e do Inpe)
Queda é notável, mas insuficiente, diz Greenpeace
O diretor da campanha de Amazônia do Greenpeace, Paulo Adario, classificou como "histórica" a queda do desmatamento apontada pelo Prodes, mas ressaltou que o país não tem razões para comemorar. "Ainda há muito desmatamento. São 6 mil km2 de perda da biodiversidade."
Adario diz que vários fatores são responsáveis pela redução. Há questões econômicas, como as medidas do Banco Central de restrição ao crédito para municípios campeões de derrubada das árvores e a expansão aquém do que se esperava da exportação da carne e da soja. E há, ainda, a pressão da sociedade civil.
"Desmatar ficou feio, fora de moda. A sociedade brasileira e a opinião pública internacional aceitam com muita dificuldade qualquer aumento do desmatamento. O fazendeiro sabe disso." O diretor do Greenpeace afirma que o momento é favorável para o país "vencer" o desmatamento, principal responsável pelas emissões de carbono nacionais.
"Em cinco anos, a área de floresta derrubada caiu de 27 mil km2 para 6 mil km2. O país demonstra que está preparado para zerar o desmatamento e construir uma economia mais verde. O Brasil pode ser exemplo para o mundo", afirmou Adario.
(O Estado de SP, 1/12)