Vencedor do Prêmio José Reis 2010 palestra na SBPC

O vencedor da 30ª edição do Prêmio José Reis de Divulgação Científica, Roberto Lent, foi um dos palestrantes da 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O tema debatido por ele foi “A divulgação científica no Brasil: do paleolítico ao neolítico”. A vice-presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), Wrana Panizzi, abriu o evento com o lançamento da publicação comemorativa às 30 edições do Prêmio.

Lent afirmou: “estamos no neolítico”. Em seguida o professor explicou que o paleolítico foi José Reis, que dá nome ao Prêmio, “a origem da divulgação cientifica moderna”. Para Roberto a atividade permite aos pesquisadores prestar contas a sociedade, além de informar e permitir um exercício pleno da cidadania.

“A gente pode divulgar ciência de mil maneiras diferentes”. Após essa frase o palestrante fez um apanhado sobre os diferentes meios de comunicação, suas características, qualidades e defeitos. A revista é cara devido a logística de distribuição e concorrência, características compartilhada pelos livros, que ainda são pouco lidos no país. “O Brasil tem o mesmo número de pontos de venda de livros que a cidade de Buenos Aires, que somam aproximadamente 25 mil”.

Também foram citados a imprensa diária, que segundo Lent não explora a divulgação da ciência de forma aprofundada, por causa da necessidade de rapidez, a internet e os smartphones, mais democráticos e participativos por um lado e superficiais por outro . Já “o telejornal é algo de grande importância para a divulgação científica”. Roberto falou ainda sobre clipes publicitários, museus, teatro, cartoons , carnaval e até telenovelas como “o clone”, que chegam a atingir 50 milhões de brasileiros. “Qualquer instrumento que atinja pessoas leigas é divulgação científica”.

O pesquisador também ressaltou as diferenças entre o jornalista, de linguagem acessível, metafórica, pouco precisa, e imediatista, e o cientista, de linguagem hermética, objetiva, altamente precisa e demorada, são formas e interesses diferentes que precisam ser conciliados. O premiado falou ainda sobre o aumento na produção cientifica e a necessidade de mudanças na educação do país.

“A ciência cresce enquanto a educação patina, isso põem em risco a sustentabilidade do crescimento científico”. Entre as sugestões de Lent para melhorar o sistema educacional estão a federalização do ensino básico, o turno único para todas as escolas, a qualificação dos professores e um programa pós-curricular intensivo, que englobe esporte, cultura e divulgação científica.

No encerramento da palestra a professora Wrana lembrou que cabe em grande parte as instituições representativas propor soluções como as indicadas por Lent. “As nossas entidades precisam ser mais reivindicadoras. Tivemos grandes avanços, mas precisamos avançar muito mais”.

O Palestrante

Entre 2004 e 2005 escreveu uma série de cinco livros infantis sobre Neurociência: Aventuras de um Neurônio Lembrador. Em 2006 fez o roteiro de uma série de historias em quadrinhos: As Aventuras de Zé Neurim. Desde 1982 esteve ligado ao grupo Ciência Hoje, como um dos fundadores, editor e membro do conselho diretor. Também ajudou a implantar, em 1977, a série Ciência às Seis e Meia, que existe até hoje, em 1982 a Revista Ciência Hoje, e em 1986 a Ciência Hoje das Crianças. Em 2002 abriu a editora Vieira & Lent Casa Editorial, que publica títulos de destacados pesquisadores brasileiros. É graduado em Medicina, mestre e doutor em Ciências Biológicas (Biofísica) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Fonte: Portal do MCT