CNCTI discute demandas de políticas públicas para a Amazônia

A Amazônia foi um dos destaques desta quarta-feira (26) na 4ª Conferência Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação (CNCTI). Na pauta, as propostas para a formulação de políticas públicas em ciência e tecnologia na região para a próxima década. Gerar renda para as populações locais, investir em inovação tecnológica, ampliar a quantidade de doutores e fixá-los nos estados da região amazônica são as principais metas.

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) liderou as discussões sobre a temática. Segundo o diretor do Inpa, Adalberto Luís Val, a geração de renda para as populações locais deve ter como base estudos feitos por cientistas brasileiros. “Não dá para importar tecnologia para o desenvolvimento econômico da região. É preciso investir em estudos feitos aqui, a partir da demanda local”, considera.

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A região amazônica recebe apenas 3% do total de investimentos feitos em ciência e tecnologia no Brasil. Val acredita que uma ampliação dessa verba deve impulsionar a geração de conhecimento, inovação tecnológica e renda nessa parte do país. “Se a Amazônia é realmente importante para o país, qual o volume de recursos que a sociedade brasileira tem interesse de disponibilizar para investir aqui? 8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro são gerados na Amazônia. Apesar disso, a região recebe um investimento inferior às suas demandas em ciência e tecnologia”, afirma Val.

Para o diretor do Inpa, se o país investisse 8% do total de verbas destinadas à ciência e tecnologia na região, a contribuição para a geração de riquezas e de conhecimento seria triplicada. “Os atuais 3% investidos na região não conseguem dimensionar toda a importância que a sociedade demonstra pela Amazônia”.

Revolução científica

As propostas de políticas públicas para a região amazônica apresentadas durante a 4ª CNCTI devem aliar a preservação da biodiversidade com a utilização das potencialidades econômicas da região. Para alcançar essas metas, Val defende uma “revolução científica” que aumente a participação dos cientistas brasileiros na produção de conhecimentos sobre a região.

“50% do total de informações produzidas sobre o bioma amazônico não possuem autores brasileiros. Mas o país tem um contingente imenso de pessoal qualificado. Precisamos contratar pesquisadores, investir em uma política diferenciada para fixar e contratar novos cientistas. As bolsas de pesquisa criam um sistema que marginaliza quem produz ciência”, destaca.

A formação de doutores, outro gargalo na região, foi um dos pontos em que houve um avanço nos últimos anos. Atualmente, a região tem cerca de quatro mil doutores e ampliou em aproximadamente 200% o número de cursos doutorais. A ideia de Val é que o país invista mais em áreas nas quais domina a informação.

“O Brasil poderia investir na criação de um programa internacional para a formação de mestres e doutores em Biologia Tropical. Dominamos totalmente essa área”, diz.

Em entrevista coletiva durante a 4ª CNCTI, o Ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, informou que o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) devem anunciar um programa comum de pós-graduação para aumentar o número de cursos de mestrado e doutorado na região.

“O CNPq e a Capes devem anunciar, ainda esta semana, um programa comum que ampliará os programas de pós-graduação das regiões menos favorecidas articuladas com os programas de pós-graduação das regiões mais desenvolvidas”, falou o ministro.

 

A 4ª CNCTI ocorre em Brasília (DF) até sexta-feira (28) e reúne membros de instituições de ensino e pesquisa de todo o país com a proposta de discutir a formulação de políticas públicas para a próxima década no país na área de C&T.

Fonte: Ascom do Inpa