Regional da SBPC em Mossoró: parcerias para superar desigualdades no semiárido
Na abertura do encontro, nesta terça-feira (13/4), o presidente da SBPC incentivou a união em favor da redução das desigualdades e do desenvolvimento regional
Estimular a parceria entre estados, municípios, universidades e instituições científicas para combater as desigualdades regionais presentes no semiárido. Essa foi a bandeira defendida pelo presidente da SBPC, Marco Antonio Raupp, na abertura do encontro que a entidade promove, até sexta-feira (16/4), no município de Mossoró (RN).
Segundo Raupp, a SBPC quer superar as desigualdades regionais por questões de justiça federativa e também por uma visão estratégica do desenvolvimento do país. "Alguém consegue imaginar que o Brasil vá deslanchar um processo de desenvolvimento sem utilizar, com sabedoria e sustentabilidade, os recursos humanos, naturais e culturais dessas regiões [Norte e Nordeste]?", questionou.
Depois de lembrar a atuação da SBPC na luta pela institucionalização dos sistemas de C&T e educação no país, Raupp reconheceu que, diferentemente de outros momentos, o país conta hoje com uma estrutura de financiamento em C&T, aprimorada nos últimos anos, com investimentos significativos no setor, em nível global.
O desafio agora, ressaltou ele, é ter capacidade de executar o orçamento e apresentar respostas para a sociedade. "Estamos aqui [em Mossoró] para chamar atenção para essa nova realidade da C&T e da Educação do país e mobilizar a todos para enfrentarmos os desafios que se apresentam", disse o presidente da SBPC.
Josivan Barbosa Menezes Feitoza, reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa) – instituição anfitriã do encontro -, ressaltou que a iniciativa da SBPC coincide com a realidade dura do semiárido, onde, segundo ele, há municípios em que apenas dois de cada 100 jovens chegam ao ensino superior, especialmente no meio rural.
"Esta é a realidade da educação no semiárido. Nós ainda não conseguimos combater a concentração da massa crítica de professores no litoral", observou, mostrando que as desigualdades acontecem não só entre as regiões do país, mas também dentro da mesma região. "A reunião regional da SBPC precisa atentar para esta situação, porque senão vamos esperar mais 50 anos de universidade no Rio Grande do Norte e não vamos mudar esse quadro".
O reitor solicitou ainda que a entidade leve a questão para a 4ª Conferência Nacional de CT&I, que acontece em maio. "Não adianta pensar em CT&I se nossos jovens nem almejam ingressar no ensino superior", criticou.
Para o reitor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), Milton Marques de Medeiros, o olhar dirigido ao semiárido, proposto pela SBPC, propicia essa discussão sobre CT&I, necessária ao desenvolvimento da região. Ele destacou como positiva a realização da SBPC Mirim, voltada a estudantes do ensino fundamental e classificada pelo reitor como "um aceno de preocupação com o futuro".
Participou também da mesa de abertura do encontro o superintendente de infraestrutura da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Gustavo Fernandes Coelho. O evento contou ainda com apresentação do quinteto de saxofones da Uern e do cordelista Antônio Francisco Teixeira de Melo.
A Reunião Regional da SBPC em Mossoró acontece até sexta-feira, 16 de abril, com atividades nos campi da Ufersa e da Uern. Mais informações no site: http://www.sbpcnet.org.br/mossoro/home/
Fonte: jornal da ciência