Manaus já conta com Programa de Cirurgias Bariátricas e Metabólicas
CIÊNCIAEMPAUTA, POR ADRIANA PIMENTEL
A obesidade é considerado um dos problemas mais graves do mundo moderno. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os casos praticamente dobraram nas últimas três décadas. No planeta, em 2011, aproximadamente 1,46 bilhão de adultos registram sobrepeso. A obesidade quase dobrou, afetando 205 milhões de homens e 297 milhões de mulheres, ou seja, 9,8% dos homens e 13,8% das mulheres.
Em Manaus, a situação não é muito diferente. Muitos adolescentes acabam perdendo boa parte da vida por conta do sobrepeso. Mas, a capital já oferece ajuda especializada e o melhor, de forma gratuita. O serviço é disponibilizado pela Fundação Hospital Adriano Jorge (FHAJ) por meio do Programa de Cirurgias Bariátricas e Metabólicas da Secretaria de Estado da Saúde (Susam).
De acordo com endocrinologista, Dra. Jeanne Pimentel muitos dos pacientes procuram o programa já com a autoestima bem abalada. “Pessoas acima do peso carregam a desumana discriminação estética e muitas vezes ainda são vistos como uma pessoa que não tem força de vontade, além de serem chamados de preguiçoso”.
Para ela, a maior dificuldade é deixar de associar comida e emoções. “A comida acaba se tornando uma válvula de escape para os sentimentos, se a pessoa está feliz, ela come se está triste também come. Assim desconta toda a carga emocional na comida, por isso que o tratamento psicológico é de suma importância”, completou.
Hoje o Hospital está trabalhando com um grupo de 60 pacientes, que passarão por exames, palestras e avaliações antes de se submeterem a cirurgia bariátrica, totalmente disponibilizada pelo SUS.
Um dos casos bem sucedidos é o do paciente que vamos chamar de João*. O jovem com apenas 25 anos, chegou a pesar 138 kg. Mas, cansou dos problemas e consequências da obesidade e partiu para a cirurgia e hoje, já conseguiu reduzir o peso para 81 kg. Ele conta que não tinha vontade de sair e se sentia muito discriminado. “Agora me sinto mais confiante para paquerar, tenho muita vontade de conhecer pessoas e até meu humor está bem melhor. Estou sendo elogiado e olhado como uma pessoa comum”, completou João.
TIPOS DE CIRURGIA BARIÁTRICA
Atualmente o paciente pode optar entre vários tipos de cirurgias. Entre elas, a banda gástrica, na qual é colocado um anel de silicone em volta do estômago, dividindo o órgão em dois.
Já a técnica cirúrgica de gastrectomia vertical, onde o estômago do paciente é grampeado em forma de tubo que vai do esôfago ate o duodeno. Assim se reduz o estômago em até 80% do seu tamanho.
No Amazonas, o método utilizado é o Bypass gástrico que reduz o estômago. O paciente se sente saciado rapidamente, por isso come menos. Além disso, parte das calorias não é absorvida pelo intestino.
AVALIAÇÃO PRÉ – OPERATÓRIA
No pré-operatório, os pacientes do Programa de Cirurgias Bariátricas e Metabólicas do Amazonas são informados das mudanças significativas pelas quais atravessará. Para a realização da cirurgia, devem ser seguidos alguns critérios de avaliação. Uma equipe interdisciplinar, que inclui endocrinologista, nutricionista, psicólogo, cardiologista, ortopedista, pneumologista, entre outros, avalia e determina os exames e terapias e serem seguidas.
Pacientes com um índice de massa corpórea (IMC) > 40, pacientes com IMC > 35 que apresentem morbidade cardiopulmonar grave ou diabetes severa e ainda pacientes que avaliados por médico experiente em matéria de tratamento da obesidade, tenham pequena probabilidade de sucesso com medidas não-cirúrgicas.
A duração do acompanhamento pré-operatório é determinada pela equipe de profissionais, e depende do estado clinico do paciente, processo pode demorar anos.
Segundo a endocrinologista, o acompanhamento psicológico fornece condições para que o paciente perceba a amplitude do processo que passará e o ajuda a tomar decisões mais conscientes e de acordo com seu caso.
A nutróloga, Dra. Isolda Prado, salienta ainda que a cirurgia bariátrica é contraindicada em qualquer caso em que o paciente não esteja plenamente de acordo com a cirurgia ou não seja capaz de apreciar as mudanças que ocorrerão após a operação.
Após a operação cirúrgica, o paciente deve continuar o acompanhamento com os profissionais. De acordo com a nutróloga, no primeiro mês é administrada uma dieta líquida; no segundo, comidas pastosas já são permitidas. E somente no terceiro mês começa a dieta sólida, mas tudo em poucas quantidades.
Atualmente, o grande problema observado, pela nutróloga, é que juntamente com o emagrecimento rápido após a cirurgia, os pacientes apresentam os mais variados graus de desnutrição proteica e calórica, além de anemias e deficiências vitamínicas diversas.
“Na maioria das vezes, se não controlada essas perdas podem causar, demências, queda de cabelo, fadigas, insuficiências entre outros danos ao organismo”, destaca Isolda.
A cirurgia não é um mecanismo definitivo, pois após dois ou três anos pode haver reganho de peso, se o paciente não seguir as orientações adequadamente. A base do tratamento pós-cirúrgico é uma alimentação saudável, aliada à pratica de exercícios físicos, por toda a vida.
*nome fictício
CIÊNCIAemPAUTA, por Adriana Pimentel