Fundação de Medicina Tropical realiza estudos para o tratamento da malária
CIÊNCIAEMPAUTA, POR MIRINÉIA NASCIMENTO
Amenizar os sintomas da doença, ajudar no controle, diminuir a transmissão, oferecer um tratamento mais efetivo e com menos efeitos colaterais. Esses são alguns dos objetivos dos dois estudos no tratamento da malária que a Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) pretende alcançar em 2013.
Um dos coordenadores das pesquisas, o médico infectologista André Siqueira, explica que os estudos estão voltados para as medicações que tratam da malária vivax, diante da constatação de que 95% dos casos no Amazonas tem sido por esta espécie. “Como ela fica alojada no fígado, para o tratamento da doença é necessária a aplicação de duas medicações. Uma para tratar a doença na sua fase aguda e outra que vai atuar no fígado”, salientou.
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Com a parceria da agência internacional Medicine For Malaria Venture (MMV), o valor do investimento é de R$ 2,5 milhões, dos quais R$ 500 mil são financiados pelo laboratório Sanofi-Aventis e os outros R$ 2 milhões pela empresa GlaxoSmithKline (GSK).
Participam do projeto quatro alunos de doutorado e quatro de mestrado do Programa de Medicina Tropical. A malária é um grave problema de saúde pública, principalmente na região da Amazônia Legal. Segundo Siqueira, aproximadamente 30 a 40 mil pessoas são infectadas por ano no Amazonas.
RESULTADOS SERÃO APRESENTADOS ESTE ANO
Há 40 anos, a malária é tratada primeiramente com o antimalárico Cloroquina e em seguida com a Primaquina. Realizado somente em Manaus, o primeiro estudo está comparando as combinações das medicações – Artesunato/Amodiaquina com a Cloroquina, droga que é usada na África e na Ásia para tratar outro tipo de malária.
O desenvolvimento de uma nova droga para o tratamento da malária deve-se à resistência da doença à medicação atual. “Essa é a primeira vez que está sendo testado esse medicamento no tratamento da vivax. Se a resistência da Cloroquina estiver muito alta teremos que trocar a medicação, comprovando a eficácia de uma opção viável para o programa de malária”, explicou.
OUTROS LUGARES DO MUNDO
O outro estudo que compara a Primaquina (medicamento importante para evitar as chamadas recaídas, casos em que a doença volta a se manifestar) com a nova droga Tafenoquina, também está sendo realizado em outros lugares do mundo como na Índia, Peru e Tailândia.
Em julho de 2012 a FMT-HVD iniciou o recrutamento de 40 pacientes devendo concluir o estudo ainda este mês. “Os últimos acompanhamentos estão terminando este mês. A fundação já recebeu várias visitas de órgãos internacionais que demonstram interesse sobre o estudo”, ponderou.
Atualmente, o tratamento com a Primaquina é realizado de 7 a 14 dias. Devido ser um tratamento longo, o paciente deixa de tomar o remédio no terceiro dia, quando começa apresentar melhoras. Desse modo, o tratamento se torna menos efetivo, contribuindo para recaídas e implicando na transmissão da doença. Com o uso da Tafenoquina, o tratamento passa a ser feito em três dias.
CIÊNCIAemPAUTA, por Mirinéia Nascimento