Videolaparoscopia é a cirurgia mais indicada no tratamento do câncer de próstata
Os benefícios da cirurgia videolaparoscópica (procedimento minimamente invasivo feito a partir de pinças e uma microcâmera) para a retirada da próstata em pacientes com câncer nessa região pode reduzir os riscos de disfunção erétil, um dos maiores temores dos homens que passam pelo tratamento contra a doença.
A cirurgia laparoscópica é a melhor resposta na redução de sangramento durante o procedimento, além de menor tempo de hospitalização e redução do perigo de infecções, em comparação com a cirurgia retropúbica (cuja abertura para a retirada da próstata é maior). As constatações foram feitas pela acadêmica de medicina, Larissa Pires de Oliveira, a partir da pesquisa “Estudo prospectivo randomizado comparando as técnicas de prostatectomia radical retropúbica e laparoscópica”. A pesquisa compara o método convencional, de cirurgia por via aberta, com a videolaparoscopia.
Esse e outros 35 trabalhos de bolsistas inseridos no Programa de Apoio à Iniciação Científica (Paic), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), é desenvolvido pela Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon). Os projetos estão sendo avaliados, até esta sexta-feira (22), por uma banca formada pelo pesquisador sênior da FCecon e membro da Universidade de São Paulo (USP), José Eduardo Levi, e pela doutora Maria Paula Mourão, pesquisadora da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD).
PESQUISAS VISAM À QUALIDADE NO TRATAMENTO
Já a acadêmica Tyane de Almeida abordou o seguinte questionamento: “Há melhora da função erétil em pacientes com câncer de próstata submetidos à prostatectomia radical retropúbica utilizando lupa cirúrgica?”. De acordo com ela, a utilização da lupa no procedimento diminui, por exemplo, as chances de lesões no nervo durante a cirurgia.
Ela também destacou que no procedimento por via aberta, ou seja, pelo método convencional, as chances de resultar na disfunção erétil são maiores. Entre os dados considerados no estudo está o aumento no número de casos de câncer de próstata nos últimos 20 anos no País, além de dados internacionais sobre a doença.
A bolsista Thaís Caroline Sales Raposo, que aborda em sua pesquisa o tema “Estudo prospectivo randomizado comparando linfadenectomia inguinal convencional versus linfadenectomia inguinal vídeo endoscópica no tratamento de tumor de pênis invasivo”, apontou em seu resultado preliminar que a cirurgia com a utilização de câmeras e menos invasiva para a retirada de linfonodos (gânglios que fazem parte do sistema linfático, o qual atua na defesa do organismo) produz melhores resultados, já que, entre os casos analisados, 20% apenas das linfanedectomias inguinais (retiradas dos gânglios) apresentaram complicações contra 50% nos casos das cirurgias convencionais. Nesse caso, o sangramento e o tempo de internação também foram menores.
Os três acadêmicos são orientados pelo urologista Cristiano Paiva, médico da FCecon. As cirurgias videolaparoscópicas são realizadas desde 2012 na Fundação e, na maioria dos casos, apresentaram resultados positivos, como rápida recuperação do paciente e diminuição da dor no pós-cirúrgico se comparado aos procedimentos convencionais.
AVALIAÇÃO
Para o pesquisador da USP, José Eduardo Levi, que acompanhou e avaliou os projetos, o saldo foi positivo, uma vez que o número de acadêmicos ingressando na área científica a partir do Paic, na FCecon reflete um aumento significativo na produção desses estudos. “Alguns projetos visam à melhoria da infraestrutura das instituições, o que é positivo”, disse. Ele lembrou que as pesquisas poderão ser ampliadas com a implantação do Laboratório de Oncologia Molecular, projeto em fase de desenvolvimento na FCecon.
A diretora de Ensino e Pesquisa da Fundação, Kátia Luz Torres, disse que o Paic, implantado em 2011 na instituição, tem como principal objetivo fortalecer e constituir novas linhas de pesquisa no hospital. “Cem por cento dos trabalhos são voltados à melhoria de vida do paciente oncológico, já que abordam temas como fatores de risco e tratamentos”, destacou.
Os estudos realizados pelos acadêmicos têm como base dados estatísticos da FCecon e procedimentos práticos realizados no centro cirúrgico do hospital, bem como informações sobre a evolução do tratamento fornecidas por vários setores da instituição. Os trabalhos desta edição do Paic serão concluídos em julho, quando passarão pela avaliação final de uma banca de doutores e, posteriormente, terão os seus resultados publicados.
Fonte: FCecon/Agência Fapeam