MEC quer dar zero a aluno que fizer deboche no Enem

A inclusão de trechos inusitados e que fogem ao tema da redação do Enem deve fazer o estudante ficar com nota zero a partir do próximo teste, que ocorrerá neste ano. O Inep, órgão do Ministério da Educação (MEC) responsável pelo exame, pretende mudar o edital com as regras.

A medida será discutida após a divulgação de casos de “inserção indevida” no teste de 2012, quando candidatos colocaram no meio do texto uma receita de Miojo e trecho do hino do Palmeiras. Na prova, o tema proposto era o movimento imigratório para o Brasil no século 21. “Em respeito ao participante sério, é um tema que não pode ser desprezado. Qualquer inserção que seja por deboche ou desrespeito tem que [estar previsto] no edital que seja dado zero”, disse o presidente do Inep, Luiz Cláudio Costa.

A orientação era para que o corretor punisse o candidato devido ao trecho incoerente, mas levasse em conta argumentos e ideias apresentados sobre o tema da redação no restante do texto. O candidato que escreveu a receita de Miojo recebeu nota 560 – em uma escala que vai até 1.000. Já o que citou o hino do Palmeiras teve 500.

De um total de 4,1 milhões de redações do Enem 2012, cerca de 300 textos (0,0073% do total) apresentaram algum tipo de “inserção indevida”. Segundo o presidente do Inep, o tema será discutido com equipe técnica que elabora o edital do exame – as regras do Enem 2013 devem ser divulgadas em maio.

Costa diz que a equipe terá o cuidado de “separar o joio do trigo”. “O estudante, em momento de tensão, pode fugir ali [ao tema] e depois voltar”. Nesse caso, o estudante não recebe nota zero. Com a mudança, diz, serão punidos apenas candidatos que querem “tumultuar”.

No último Enem, o edital previa nota zero em quatro situações: fuga do tema ou não atendimento ao tipo textual (narração, dissertação etc.), redação em branco, texto com “impropérios, desenhos e outras formas propositais” e com até sete linhas.

NOTA 1.000

O Inep também estuda mudar o sistema de pontuação da redação. Uma opção considerada é qualificar o desempenho por meio de faixas. Em vez da escala de 0 a 1.000 usada hoje, o estudante receberia um conceito (A, B, C etc.). Especialistas em texto devem ser chamados a debater o assunto. No ano passado, 2.080 textos (0,05% do total) receberam nota máxima na redação.

Fonte: Folha de São Paulo