Rumo ao novo
Há quase consenso quanto às peculiaridades da Amazônia. Em seu imenso território concentram-se riquezas ainda por conhecer. Do leito por onde correm águas claras, barrentas ou escuras ainda se sabe pouco. Dos milhões de árvores que se espalham pela maior floresta tropical do Planeta, ainda estamos por conhecer a maioria. Quais são, para que servem, quais os mecanismos naturais que lhes permitem nascer, crescer, desenvolver-se e, afinal, morrer?
Que o subsolo amazônico esconde riquezas quase todos sabemos. Alguns até se vangloriam disso, como se de alguma forma tivessem contribuído para tamanho potencial. Resta produzir o conhecimento a respeito dessas características naturais da região, se é que confiamos na possibilidade de sua gente ter vida menos pobre, menos afastada das conquistas que a ciência e a tecnologia podem proporcionar. O tanto já feito ainda é pouco.
Elabora-se um plano de ciência e tecnologia que leve em consideração as peculiaridades apontadas. A audiência da comunidade acadêmica tem sido tentada, a despeito do desânimo que se abate sobre as instituições de ensino superior público. Nesse caso, não apenas neste pedaço do Brasil. A rigor, não está longe da verdade dizer que a crise se instalou nessas instituições.
Se o Ministério da Ciência e Tecnologia conseguir que as decisões tomadas no Legislativo e no Executivo respeitem a Amazônia, uma nesga de esperança se abrirá, no sentido de desenvolver a região. Porque também parece consensual a distância entre a percepção do grande território amazônico e as decisões que sua gente se vê obrigada a cumprir.
Se somos diferentes, que se ofereça tratamento diferente aos problemas por nós enfrentados. Se todos os nossos contêm enorme dose de inovação, que superemos as avelhantadas ideias e saibamos também ser inovadores.
*José Seráfico é professor da Universidade Federal do Amazonas