Estudante representa Brasil em evento na Suíça

Maírla Dias, 14 anos, convive com a seca em sua cidade, Quixaba, Sertão do estado, a 329 km do Recife, desde pequena. No início de 2012, viu a situação se agravar. Consciente, a adolescente enxergou além da paisagem desbotada e dos animais mortos. Em um concurso de redação, vislumbrou a oportunidade de falar sobre a importância de se preservar o líquido tão raro em sua terra. A carta escrita por ela em março passado na Escola Estadual Tomé Francisco da Silva teve como destinatários “jovens de todo o mundo”. Foi endereçada ao “Planeta Terra”. No texto, recorre à música de Luiz Gonzagá (Asa branca) para falar sobre o problema e a de Geraldo Vandré (Para não dizer que não falei das flores) para conquistar o engajamento de outros jovens em sua causa, a de valorizar a água.

“Se a gente se importa com algo, se sabe que pode acabar, dá mais valor. Aprendi com a dificuldade”, resume a adolescente, que cursa o segundo ano do ensino médio na escola pública e sonha em ser médica ou engenheira química. Boas notas não lhe faltam. A média da escola é 6. A sua fica entre 9 e 10. Tanta dedicação não podia passar desapercebida. Sua professora de português, Rosineide Alves, pediu que redigisse o texto para concorrer no 42° Concurso Internacional de Redação de Cartas para Jovens. O tema era “Por que a água é um bem precioso”. Maírla não teve dificuldade. Em 55 linhas, dentro das normas da seleção, escreveu sobre o assunto com um vocabulário rico, digno da leitora assídua de Álvares de Azevedo que é – no momento está lendo Noite na taverna.

Sua carta foi premiada. Primeiro na etapa estadual do concurso que, no país, é organizado pelos Correios. Ganhou um tablet. Em seguida, nacionalmente. Conquistou para si uma TV de 32’’ , troféu e certificado e para sua escola uma TV e uma oficina de tênis patrocinada pelos Correios. “É o reconhecimento ao meu esforço, mas principalmente ao trabalho realizado pela escola. Foi um trabalho em conjunto”, diz a adolescente, revelando modéstia.

Agora o destino de sua redação é outro. Vai representar o Brasil na etapa internacional em Berna, capital da Suíça. A cidade sedia a União Postal Universal (UPU), órgão responsável internacionalmente pelo concurso que tem como meta aprimorar a comunicação por meio da escrita e incentivar a leitura. Maírla ainda não sabe se vai viajar junto com sua carta. “Se isso acontecesse seria um sonho. Só conheço Pernambuco e a Paraíba. E a Suíça é um país desenvolvido”. Mesmo diante de tamanha conquista, se mantém modesta. Insiste que não há motivo para orgulho. “Tenho é que agradecer por ter pais e professores que sempre me incentivam”, conclui.

Fonte: Estado de Minas