ATLAS DOS CIENTISTAS

Estudou o veneno da jararaca

Maurício Oscar da Rocha e Silva nasceu no Rio de Janeiro, em São Cristóvão, a 19 de setembro de 1910, filho do psiquiatra João Olavo da Rocha e Silva, sua primeira influência intelectual, e de Alzira Couto da Rocha e Silva.  Aos dez anos mudou-se para  a capital, onde cursou o Colégio Pedro II. Em 1925, depois de concluir o terceiro ano, abandonou o colégio e começou os preparatórios para o ingresso na universidade. Após dois anos de preparação intensiva, foi aprovado nos exames para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, no início de 1928, tendo sido o quarto colocado entre mais de 500 candidatos. Ao concluir o curso médico, decidiu mudar-se para São Paulo a convite de Otto Bier, que vinha fazendo brilhante carreira no Instituto Biológico, e com quem iniciou estudos de alguns aspectos de imunologia e reação inflamatória.

Em 1937, ocasião em que os institutos Biológico e  Butantã, em São Paulo, e o Agronômico, em Campinas, eram os lugares onde a ciência se fazia em nível de excelência, Rocha e Silva aceitou o convite para integrar o quadro de pesquisadores do Biológico, realizando um trabalho intensivo de pesquisas, entre as quais a comprovação da toxicidade do alecrim, que causava uma doença bovina comum. Mais tarde, passou temporadas nos Estados Unidos e na Inglaterra antes de fundar a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em 1948.

O farmacologista Maurício Rocha e Silva descobriu, em 1949, que as enzimas do veneno da jararaca agem sobre as proteínas do sangue, liberando uma substância chamada bradicinina, que hoje é largamente utilizada em medicamentos para o controle da hipertensão. O potente vasodilatador descoberto por ele é amplamente empregado desde a década de 70 e representou melhora radical na expectativa e qualidade de vida de hipertensos, especialmente quanto a restrições dietéticas.

No exterior, Rocha e Silva pesquisou a histamina, utilizada em medicamentos cardiovasculares. O descobridor da insulina, Charles Best, ficou tão impressionado com o talento do brasileiro que o convidou para ser seu assistente, mas Rocha e Silva recusou. Possui mais de 300 trabalhos publicados em revistas como a Nature e Science. Chefiou a Seção de Bioquímica e Farmacodinâmica do Instituto Biológico até 1957, quando assumiu o departamento de farmacologia da faculdade de medicina da USP em Ribeirão Preto (FMRP-USP) a convite de Zeferino Vaz. Teve papel fundamental no estabelecimento da pós-graduação, no final da década de 50, organizou o departamento de farmacologia e a pós-graduação da Universidade de São Paulo, onde formou uma geração de pesquisadores.

Ganhou o prêmio Moinho Santista e o Prêmio Nacional de Ciência e Tecnologia do CNPq. Foi vice-presidente da União Internacional de Farmacologia, participou do Conselho Federal de Educação, foi membro-fundador da Sociedade Brasileira de Fisiologia e da Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental. Faleceu em 1983, aos 73 anos, ao sofrer o terceiro infarto.

Fonte: Site SNCT 2009

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