Formas químicas de metais contribuem para doenças neurodegenerativas

Pesquisa feita na Unifesp avalia nível de toxicidade neurológica de metais associados ao Alzheimer e Parkinson. Imagem: Wikimedia
Pesquisa feita na Unifesp avalia nível de toxicidade neurológica de metais associados ao Alzheimer e Parkinson. Imagem: Wikimedia

A exposição crônica a metais como o manganês e o alumínio pode contribuir para o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas como Parkinson e Alzheimer, indicam diversas pesquisas realizadas em diferentes países, incluindo o Brasil.

Agora, um estudo realizado no Laboratório de Bio-Inorgânica e Toxicologia Ambiental (Labita), do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas (ICAQF) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), apontou que a forma química desses metais pode influenciar de forma direta e de modos diferentes o nível de toxicidade neurológica (neurotoxicidade) que exercem em animais e humanos.

Desenvolvido em colaboração com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), do Instituto de Pesquisas Biomédicas de Barcelona, na Espanha, e do Centro de Pesquisa e Associação de Pesquisa Ambiental de Leipzig (UFZ), na Alemanha, o trabalho foi conduzido no âmbito de um projeto de pesquisa, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp).

Alguns resultados relacionados ao alumínio – que fazem parte do trabalho de mestrado de Pollyana Ferreira de Carvalho – foram apresentados durante o 2º Encontro Ibero-Americano de Toxicologia e Saúde Ambiental, realizado em junho, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. O trabalho foi premiado pela editora inglesa Taylor & Francis, que publica livros na área de toxicologia.

“Identificamos que a especiação [forma] química do manganês e do alumínio pode influenciar diretamente os efeitos neurotóxicos provocados por esses metais em animais e humanos”, disse Raúl Bonne Hernández, professor do ICAQF e coordenador do projeto.

De acordo com o pesquisador, estudos já indicavam que a exposição crônica ao manganês e ao alumínio promovia alterações no metabolismo energético animal e humano e contribuía para diminuição das capacidades cognitiva e motora.

Por meio de estudos com o peixe-zebra (Danio rerio) – espécie de peixe cujo genoma é quase 70% semelhante ao humano –, os pesquisadores confirmaram essas hipóteses e observaram, além disso, que o manganês e o alumínio promovem diferentes efeitos neurotóxicos no animal de acordo com a ligação ou não com outros elementos químicos.

Com relação ao alumínio, os cientistas constataram que o metal nas formas de aquohidroxocomplexo (ligado a moléculas de água ou hidroxila) e polimérica parece ser mais tóxico para o peixe-zebra do que o metal solúvel e ligado aos sais citrato e tartarato, por exemplo, usados como conservantes de alimentos.

Após expor peixes-zebra ao metal entre duas e 122 horas após a fertilização, as larvas apresentaram redução do batimento cardíaco e alterações nos movimentos corporais espontâneos ou estimulados.

“Esses resultados, de forma conjunta, apontam para uma confirmação parcial das nossas hipóteses de que a forma química do alumínio e do manganês influencia o nível de neurotoxicidade em animais e humanos”, disse Hernández.

Leia a matéria na íntegra…

>> Formas químicas de metais associados a doenças neurodegenerativas influenciam efeitos tóxicos

Fonte: Agência Fapesp