Projeto Espiral da Ciência aborda ‘O ato de escrever’
CIÊNCIAemPAUTA, por Marlúcia Seixas
“O ato de escrever” foi o tema da palestra ministrada pelo professor Odenildo Sena, autor do livro A engenharia do texto: Um caminho rumo à pratica da boa redação, da editora Valer, na última sexta-feira (30).
O bate-papo com o escritor ocorreu durante o encontro do Projeto Espiral da Ciência, do Programa Ciência na Escola (PCE), realizado no Parque Municipal do Mindu, localizado no bairro Parque 10, zona Centro-Sul de Manaus.
O evento que reuniu alunos e professores bolsistas do PCE foi aberto pela coordenadora Maria de Fátima Nowak, que apresentou o conceito do Projeto Espiral da Ciência e sua relação com o ato de escrever.
“Escrever pra mim sempre representou um desafio muito grande”, confessa Odenildo Sena, lembrando que o principio básico da construção de um texto passa exatamente pelo conceito de espiral, que tem tudo a ver com o ato de produzir um texto, visto que a espiral, assim como o texto, inicia de um núcleo.
Segundo o professor, quando se começa a ler um livro geralmente não se tem paciência de passar pela introdução, porém é na introdução que se encontra um roteiro para compreensão da obra. Assim, no prefácio de seu livro, ele adverte: “escrever bem não é uma tarefa fácil e prazerosa!”.
A afirmação, reconhece Odenildo Sena, pode parecer desconcertante para alguns professores mais tradicionalistas que trabalham com o ato de escrever. Embora, para algumas pessoas possa ser fácil escrever, ele disse que para a maioria não o é. E uma prova disso são os resultados das provas de redação dos vestibulares.
MITOS
Alguns mitos que envolvem o ato de escrever e que são ainda hoje reproduzidos por alguns professores foram apontados pelo autor:
- Escrever bem é uma questão de dom, não é para qualquer um;
- Escrever bem é uma competência que pode ser desenvolvida com uma boa dica;
- Quem muito lê, escreverá muito bem;
- Escrever é pouco importante no mundo moderno.
Para Odenildo Sena, escrever bem é uma habilidade que pode ser desenvolvida e aprimorada com a prática e compreensão das estruturas dos textos lidos. O hábito da leitura leva, sim, à formação de um bom leitor, o que é uma contribuição enorme para o ato de escrever. “Se você lê muito, as estruturas do texto que você lê acabam sendo incorporadas ao texto que você escreve”.
Para finalizar, ele observa que “quem escreve, quem se dá à perseverança de escrever e reescrever razoavelmente bem até chegar ao texto ideal, tem o direito a ter direito à palavra”. O que é uma questão de persistência e conquista da credibilidade do autor do texto.
ESPIRAL DA CIÊNCIA
A “Língua Portuguesa e suas Diversas Modalidades” foi o tema do Projeto Espiral da Ciência. Segundo Maria de Fátima Nowak, o projeto é uma quebra de paradigmas e fronteiras. “Estamos colocando a ciência dentro daquilo que é popular. Ninguém entra em um espiral e sai da mesma forma. Todos saem diferentes. Compare o projeto a um espiral de vento, que chega e vai arrebentando tudo”, destacou.
O projeto tem como objetivo aproximar os estudantes da educação básica de escolas públicas, dos cientistas que atuam nas mais distintas linhas de pesquisa. É uma iniciativa do Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), realizado em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e a Secretaria Municipal de Educação (Semed).
Além de Odenildo Sena também contribuíram com o evento, o especialista em Língua Portuguesa, Leitura e Produção de Texto, Edilson Soares; o mestre em Sociedade e Cultura da Amazônia, Denison Silvan, e a jornalista Cassandra Castro.
Ao final do encontro, os bolsistas do PCE tiveram a oportunidade de mostrar seus trabalhos e conquistas dos projetos.
O Programa Ciência na Escola, de 2003 a 2012, já apoiou 1.096 projetos e concedeu 7.758 bolsas de pesquisa a professores e alunos da educação básica.
Odenildo Sena é mestre e doutor em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e titular da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas (SECTI-AM).
CIÊNCIAemPAUTA, por Marlúcia Seixas