Instituto Butantan testa vacina contra a dengue em humanos
![Anvisa autorizou o início de testes em seres humanos no Brasil. Foto: Camilla Carvalho / Instituto Butantan](http://temporario.seplancti.am.gov.br/wp-content/uploads/2013/09/but-310x220.jpg)
Embora as primeiras epidemias de dengue tenham surgido no mundo há vários séculos, as ferramentas disponíveis para combater o avanço da doença ainda se mostram pouco eficazes, caracterizando, até hoje, um problema de saúde pública. No Brasil, por exemplo, o número de casos de dengue vem crescendo a cada ano – dados do Ministério da Saúde revelam mais de 200 mil casos no início de 2013, mais que o dobro de casos registrados no mesmo período em 2012. A dificuldade em conter a proliferação do vírus pode ser atribuída à sua capacidade de adaptação aos ambientes domésticos e urbanos. Além disso, o tratamento para a dengue é sintomático, ou seja, não combate o vírus.
É esse o panorama que os pesquisadores do Instituto Butantan – entidade parceira da USP – tiveram que considerar ao pensar em uma alternativa para o controle da epidemia. Em parceria com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (os chamados NIH, do inglês National Institutes of Health), o Butantan está desenvolvendo uma vacina contra a dengue. O primeiro grande passo para a concretização do objetivo acabou de ser dado: neste mês, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o início de testes em seres humanos no Brasil. Nos Estados Unidos, a vacina já foi testada em animais e em seres humanos, com resultados positivos.
DESAFIOS
Para Alexander Precioso, diretor da Divisão de Ensaios Clínicos e Farmacovigilância do Instituto Butantan, uma das principais dificuldades encontradas na produção da vacina é a existência de quatro tipos de vírus que causam dengue – cada um com características próprias. “A vacina precisa proteger as pessoas contra os quatro vírus ao mesmo tempo”, explica o médico.
Existem diferentes abordagens para a obtenção de uma vacina: uso de proteínas recombinantes, inativação ou atenuação do vírus, entre outras. Na vacina testada pelo Instituto Butantan, os quatro vírus foram atenuados, ou seja, sofreram modificações específicas em seu genoma que os tornaram menos ativos. Assim, o organismo de quem tomar a vacina vai identificar os vírus enfraquecidos e passar a produzir anticorpos contra eles, sem, entretanto, desenvolver a doença. “O critério de escolha, para essa abordagem, do Instituto levou em conta a parceria de pesquisa que existe entre o Butantan e os NIH, e o fato de acreditarmos que o uso dos vírus atenuados teriam o potencial de causar a imunidade desejada”, relata o pesquisador.
Os vírus foram identificados e modificados nos Estados Unidos e, então, encaminhados para o Instituto Butantan, onde foi realizada a cultura desses vírus e a produção da vacina brasileira. A vacina que foi testada nos voluntários americanos foi produzida nos Estados Unidos e, lá, demonstrou ser imunogênica: as pessoas produziram anticorpos contra os quatro tipos de vírus. Agora, os pesquisadores irão testar a vacina produzida no Brasil em brasileiros. “Os EUA não são um país endêmico de dengue. Por isso é importante testar a vacina no Brasil, em uma população exposta ao risco de contrair dengue”, justifica Precioso.
Leia a matéria na íntegra..
>>Instituto Butantan testa vacina contra a dengue em humanos
Fonte: USP Online Destaque
Confira esta reportagem em nossa Rádio CT&I.