Pesquisadores buscam compreender o comportamento dos caramujos

Pesquisadores estão analisando o potencial zootécnico de gastrópodes das espécies Pomacea amazônica e Pomacea bridgesii, caramujos nativos do norte do Brasil. (Foto: Divulgação/ICET).
Pesquisadores estão analisando o potencial zootécnico de gastrópodes das espécies Pomacea amazônica e Pomacea bridgesii, caramujos nativos do norte do Brasil. (Foto: Divulgação/ICET).

Um estudo realizado pelos pesquisadores do Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia de Itacoatiara (ICET) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) está analisando o potencial zootécnico de gastrópodes das espécies Pomacea amazônica Pomacea bridgesii, caramujos nativos do norte do Brasil, conhecidos popularmente como Uruás. Estas pesquisas vem sendo desenvolvidas no laboratório de Zoologia do ICET, onde alunos de graduação e pós-graduação, orientados pelos professores doutores Bruno Sant’Anna e Gustavo Hattori buscam entender o comportamento dessas espécies.

Os alunos de mestrado, Timóteo Watanabe e Izomar Melo estão desenvolvendo experimentos, simulando as condições naturais da várzea amazônica, como as cheias e vazantes características da região.

Segundo Timóteo Watanabe o trabalho consiste em estudar a biologia e a ecologia das espécies nativas. “Procuramos entender o efeito do peculiar regime hídrico do ambiente amazônico que se altera muito no decorrer do ano e compreender o comportamento das espécies e a influência do ambiente neste comportamento”, explicou.

Utilizando as mesmas espécies a aluna de graduação Delma Marques, em seu projeto de iniciação científica vem estudando o potencial alimentício dos caramujos por meio da investigação dos lipídeos, proteínas, cinzas e outras características da carne desses moluscos, que constitui em algumas regiões do planeta, um precioso recurso alimentar.

A resistência à dessecação também foi alvo de estudo. A aluna graduação Keila Castro pôde comprovar um processo biológico denominado de estivação que é um comportamento de certas espécies frente às adversidades ambientais, onde elas entram numa espécie de dormência para pouparem energia na época da seca. Keila estudou a resistência à dessecação desses animais e confirmou a adaptação dos indivíduos à dinâmica das águas fluviais.

CaramujoDe acordo com o professor doutor Bruno Sant’Anna os trabalhos pretendem entender minuciosamente as Pomaceas. “O objetivo geral dos trabalhos é entender um pouco mais da ecologia e da biologia nos aspectos relacionados à reprodução, ao comportamento relacionado ao fluxo de água amazônico que é diferente de outras partes do mundo. O estudo das Pomaceas está relacionado ao potencial alimentício delas e o objeto de um dos nossos projetos de iniciação cientifica é estudar o rendimento de carne, potencial de proteína, lipídeos e saber o valor nutricional da carne, já os projeto de mestrado buscam entender o comportamento e reprodução para futuramente realizar criação em cativeiro e oferecer um retorno financeiro à comunidade”, informou.

Os estudos apontam para a possibilidade de em médio prazo trazer retorno à comunidade através do cultivo das espécies para o consumo humano, isca de pesca, aquariofilia, ração animal e produção de biodiesel.

Fonte: Ascom ICET