Museu Amazônico apresenta exposição “Tupé: memória, cultura e identidade”

O Museu Amazônico abre as portas para a exposição “Tupé: memória, cultura e identidade”, em Manaus, que traz ao público uma seleção de fragmentos cerâmicos, artefatos e réplicas de utensílios domésticos da cultura indígena Tarumã, além de objetos que demonstram o contato dos europeus com os primeiros habitantes da região. A mostra fica em cartaz até o dia 10 de janeiro de 2013.

Os visitantes da exposição vão poder conferir peças arqueológicas tais como materiais líticos polidos, batedores, tigelas, vasos e apliques cerâmicos, bem como artigos contemporâneos, como as reconstituições da arte e dos utensílios domésticos dos índios Tarumã, feitas pelos comunitários da Agrovila Amazonino Mendes, onde todo o acervo foi obtido.

O professor Eliel Cavalcante dos Santos é o diretor do Memorial Paulo Freire, instituição responsável pela coleta e guarda do material histórico. Ele afirma que a agrovila é um dos maiores sítios arqueológicos do Amazonas.

“Trabalhei como gestor da escola Municipal Paulo Freire, que fica dentro da Agrovila Amazonino Mendes. Durante as aulas de História, percebemos que a comunidade tinha conhecimento prático acerca de artefatos lítico. Mais que isso, que aquela área se tratava de um sítio arqueológico, sem que houvesse a necessidade de qualquer escavação”, afirmou.

Segundo ele, o Iphan e demais autoridades foram notificadas para providenciarem a guarda do material, o qual atualmente fica abrigado em uma sala na Escola Municipal Paulo Freire. Depois, foi instituído o Memorial Paulo Freire. A iniciativa instrui os novos moradores a evitarem o uso desse material arqueológico como aterro ou cascalho na construção de suas casas.

Leandro Almeida de Souza tem apenas 9 anos e utilizava o material arqueológico como brinquedo. Agora que sabe o valor histórico das peças, foi conferir a peça que encontrou na exposição do Museu Amazônico.

“Eu sempre gostei de brincar com os fragmentos que encontrava na agrovila e, numa dessas vezes, o professor Eliel me disse que eu havia encontrado uma peça arqueológica importante, chamada roda de fuso. Agora, ela está aqui no museu e todos os visitantes vão poder conferir uma peça histórica encontrada por mim. O meu avô também encontrou uma peça que faz parte da exposição e estou muito feliz de ter ajudado”, disse.

Durante a exposição, os visitantes também conferem que os índios não foram os únicos a ocuparem a região. A exposição apresenta peças como bilhas procedentes de Amsterdam, na Holanda; esculturas sagradas e até uma bala de canhão, que resumem a dimensão da presença dos europeus junto aos índios Tarumã.

Para a diretora do Museu Amazônico, Maria Helena Ortolan Matos, trata-se de uma exposição especial, pois a Ufam cumpre a função pública de acolher os conhecimentos da comunidade. “Nesta exposição, a Ufam é uma facilitadora. Não estamos ensinando nada, estamos aprendendo com eles. As nossas especialidades acadêmicas apenas promovem a educação local. Enquanto Museu Universitário, temos a oportunidade de dialogar com o conhecimento local na área de Arqueologia. A Ufam incentiva a comunidade a ter respeito pelo achado arqueológico num trabalho educativo, interdisciplinar, que acolhe toda a comunidade no espaço público da universidade”, declarou a diretora.

Fonte: Ufam