Projeto busca descobrir vantagens do mapeamento genético para bebês
O Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH) anunciou, no mês passado, um investimento equivalente a mais de R$55 milhões em um projeto piloto que buscará responder até que ponto o mapeamento genético de um recém-nascido traz benefícios reais à saúde do indivíduo.
O projeto, que será desenvolvido em quatro cidades, vem de uma inquietação que aumenta à medida que o sequenciamento genético passa a ser encontrado a preços cada vez menores: como usar as informações para benefício do paciente sem causar preocupações desnecessárias?
Cientistas querem analisar se os pais de recém-nascidos deveriam ser informados apenas sobre as doenças típicas da infância ou se também deveriam saber que a criança carrega um gene que aumenta o risco do desenvolvimento de câncer de mama na fase adulta, por exemplo.
Além disso, a ciência ainda precisa apresentar resultados satisfatórios que garantam que os falsos alarmes não superariam as situações em que a informação, realmente, poderia ser útil. Caso os resultados sejam satisfatórios em responder a esses questionamentos, o sequenciamento genético – mapeamento total dos genes de uma pessoa – pode se tornar parte dos cuidados básicos ao recém-nascido.
Hoje, os 4 milhões de bebês nascidos anualmente nos Estados Unidos fazem o teste do pezinho, em que uma gota de sangue retirada do calcanhar da criança é testada para a presença de cerca de 30 doenças raras. Esse rastreamento identifica vários milhares de bebês afetados, a cada ano, a tempo de receberem tratamento precoce, capaz de prevenir a morte, danos ao cérebro ou outras deficiências.
Um mapeamento genético completo seria capaz de ir bem além do teste do pezinho, permitindo a busca por centenas de outras condições: algumas que se desenvolveriam na infância e outras na fase adulta, e ainda as que são capazes de serem prevenidas e outras não.
No instituto coordenado pelo médico John Niederhuber, ex-diretor do NIH, na cidade de Falls Church, em Virgínia, os pesquisadores estão mapeando o genoma dos recém-nascidos, bem como o de seus pais e outros parentes para comparação. O objetivo a longo prazo é descobrir padrões genéticos que podem prever problemas de saúde complexos, desde prematuridade até distúrbios de desenvolvimento.
Mas os exames experimentais devem encontrar também algumas mutações genéticas bem conhecidas por causarem doenças graves. Os pais devem escolher, com antecedência, se querem ser informados sobre esses achados ou não. Eles não receberão um relatório completo dos genes do bebê. Apenas aqueles que causam doenças que podem ser tratadas ou prevenidas são revelados ao médico da família.
Das quatro equipes que participam do projeto, uma vai usar o mapeamento genético rápido para testar bebês doentes, em unidades de terapia intensiva. Outra vai atrás de detectar genes importantes para a infância, como aqueles realcionados a deficiências imunes que não são detectadas pelos rastreamentos atuais. Os outros dois projetos vão inscrever crianças saudáveis para verificar que tipo de informações os pais querem saber para o futuro de seus bebês.
Fonte: AP