Biólogo amazonense detecta nova espécie de planta
Uma viagem a Nova York rendeu ao biólogo Mário Henrique Terra a descoberta de uma nova espécie de planta. A Pradosia lahoziana terra-araújo, como ficou conhecida, foi detectada pelo pesquisador no Jardim Botânico da cidade norte-americana, para onde viajou com o intuito de fazer uma parte de seu doutorado – ele é aluno do Programa de Botânica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Segundo Terra, a amostra existente em Nova York datava de 1973. No entanto, nunca havia sido catalogada. “Um dos maiores problemas que temos é a deficiência no número de taxonomistas (especialistas em classificação de seres vivos). É uma lacuna não só no Brasil como em outros lugares do mundo. Por isso demorou tanto tempo até que a planta fosse descoberta, porque, até então, apenas um especialista havia feito a revisão dessa espécie nos anos 90. Entretanto, ele não se aprofundou no estudo”, conta o biólogo.
Uma das maneiras de detectar uma espécie nova, de acordo com o pesquisador, é verificar as suas características. No caso da Pradosia lahoziana terra-araújo, as árvores podem chegar a até 12 metros de altura. “Além disso, ela possui estrutura reprodutiva no tronco e pequenas estruturas no pecíolo (ligação entre o caule ou o ramo e o limbo da folha)”, destaca.
O processo para registrar a planta durou seis meses. O pesquisador explica que, para um estudo sobre determinada espécie ser válido, deve-se redigir um artigo científico com descrição da morfologia e uma ilustração, além de outras informações, como local onde ocorre a distribuição, status de conservação e se está em risco de extinção. “O passo seguinte é publicar em um meio de comunicação científico com tiragem. Não pode ser em qualquer revista”, afirma.
HOMENAGEM E RECONHECIMENTO
O nome da planta é uma homenagem a José Eduardo Lahoz, um pesquisador de renome da Universidade de Londrina que, segundo Terra, “contribuiu muito para o conhecimento e estudo da flora amazônica”. Em 2011, o resultado do trabalho do doutorando teve a distinção de ser a 240 espécie catalogada no herbário do Inpa.
Sobre o risco de extinção da espécie, o biólogo destacou que ela ainda existe, mas que precisa de cuidados para não desaparecer. No Brasil, a planta pode ser encontrada na Amazônia Central. “Ela existe na Escola Agrotécnica, do outro lado do Rio Negro”, revela o pesquisador.
Fonte: G1 Amazonas, por Camila Henriques