Rede de Biotérios do AM deve fortalecer e ampliar pesquisas
CIÊNCIAEMPAUTA, POR DANYELLE SOARES
A proposta de criação da Rede de Biotérios do Amazonas surgiu de um debate do Fórum de Gestores de Instituições de Ensino e Pesquisa, realizado pela Secretaria de Ciência e Tecnologia do Amazonas (SECTI-AM), no mês de abril.
De lá pra cá, uma análise da realidade dos biotérios do Estado foi traçada pelo pesquisador Wanderli Tadei, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). A apresentação desse estudo foi realizada durante a última edição do Fórum de Gestores, encontro que ocorreu no último dia 18, no auditório do La Salle.
De acordo com Tadei, devem compor este conjunto diversas instituições como Embrapa, Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-AM), Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), Fiocruz e Inpa, sendo este o biotério central responsável pela produção de animais.
O objetivo da Rede é integrar todos os biotérios, construindo um único banco de dados, além de criar uma relação de intercâmbio e cooperação entre as instituições; fornecer animais de qualidade para pesquisas; incentivar estudos de ponta; adequar os biotérios e laboratórios experimentais de acordo com as novas diretrizes do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea); gerenciar os recursos para adequação das necessidades de cada instituição e capacitar profissionais.
Com a proposta, a Rede pretende alcançar o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), sob a coordenação da SECTI-AM.
No Amazonas, hoje estão cadastrados apenas os biotérios do próprio Inpa e da Universidade Nilton Lins. As demais instituições ainda não cadastradas devem cumprir a Lei Federal 11.794.
Cada biotério funcionará como um centro com uma expertise específica: Controle de Reprodução de Animais de Laboratório; Medicina de Animais de Laboratório; Genético de Animais de Laboratório; Ensino de Ciência de Animais de laboratório; e Nutricional de Animais de Laboratório.
A partir da criação da rede seria possível ampliar a realização de pesquisa, ensino e extensão na área de ciência de animais de laboratório.
Com base nisso, o pesquisador chegou à demanda de 24 laboratórios no Amazonas, de diversas categorias. No caso da Embrapa, a instituição já está construindo a infraestrutura física de um biotério de peixes, com recursos da Fapeam. E logo em seguida, vai para a fase de aquisição de equipamentos, com fomento via Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Para colocar tudo isso em prática será necessário um investimento de aproximadamente R$ 7 milhões. Os valores cobrem a parte estrutural dos biotérios nas instituições e o fornecimento de insumos. Em contrapartida, os órgãos devem financiar os equipamentos.
Para o titular da SECTI-AM, Odenildo Sena, a criação da Rede de Biotérios é um salto muito grande para a pesquisa local. “Uma coisa é cada instituição ter o seu biotério e não trabalhar em conjunto. Outra coisa é a soma de vários biotérios e de esforços em prol de resultados. É um avanço fundamental e ficamos felizes que essa proposta tenha surgido no Fórum de Gestores”, disse.
“O sucesso de um projeto como esse vem da preocupação com vários itens como a gestão e a governança. Por isso, vamos dar andamento a essa proposta para elaborarmos um acordo de cooperação entre os integrantes da Rede. Isso é fundamental para garantir a continuidade das pesquisas no Estado”, comentou a diretora-presidenta da Fapeam, Maria Olívia Simão.
INPA
O biotério central do Inpa é um instrumento de aceleração do desenvolvimento científico tecnológico da Amazônia. São mais de 700 metros quadrados de área de operação e com uma espaço para a acomodação de equipamentos. Ele se caracteriza como um biotério de criação, manutenção e experimentação de animais de laboratório.
Os biotérios são laboratórios que fornecem animais com estado genético e sanitário adequados para experimentação nas ciências biomédicas.
Atualmente, o Brasil possui três experiências de atuação em rede que despontam com alto nível. São elas as redes: Mineira de Bioterismo, Nordeste de Bioterismo, e Integrada de Biotérios da USP.
CiênciaEmPauta, por Danyelle Soares