Estudo faz levantamento de impactos de obras do gasoduto

A implantação do gasoduto Urucu – Coari – Manaus colocou o Amazonas como um dos Estados pioneiros na substituição de fonte de energia no Brasil. A execução da obra trouxe impactos aos municípios por onde passou, seja na economia ou no aspecto social. Em Manacapuru, por exemplo, os impactos econômicos durante a obra foram bem absorvidos pelo município, porém após a implantação do gasoduto houve uma estabilidade nessa movimentação.

A análise é fruto da pesquisa ‘Gasoduto Urucu-Coari-Manaus: Impacto Ambiental e Socioeconômico no município de Manacapuru’, desenvolvida pelo mestre em Geografia Física pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisador Alberto Luzerno de Menezes, que mensurou os impactos ambientais e socioeconômicos pós-obra.

“Durante a execução da obra, houve um aumento na oferta de emprego e circulação de moeda. Porém, inexperiência e despreparo para o término da obra e a recessão em que se encontra parte da população, é uma realidade contrária às expectativas de um novo patamar econômico e social”, ponderou o pesquisador.

O estudo foi realizado com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados do Amazonas (RH-Interinstitucional).

Alberto Luzerno Menezes explicou que ao longo da pesquisa foram realizadas entrevistas e aplicados questionários com 84 moradores do município, além de contato com empresários, funcionários de lojas e instituições municipais e estaduais para coleta de dados.

Os dados foram analisados, por meio de variáveis integradas de indicadores socioeconômicos, criação de infraestrutura e alteração no meio ambiente. “A intenção foi analisar os impactos ambientais e socioeconômicos decorrentes da implantação do gasoduto considerando suas especificidades para o melhor ordenamento territorial do município”, esclareceu Menezes.

IMPORTÂNCIA DO GÁS

O gás natural é um recurso energético fóssil não renovável, porém é uma fonte de energia infinita. São grandes as possibilidades do desenvolvimento econômico e social nos municípios onde o gás natural é utilizado, podendo gerar emprego e renda com a instalação, por exemplo, de indústrias petroquímicas.

Muitos indícios apontam que as reservas de gás natural existentes no mundo são em número bem maior que as de petróleo e carvão. “Um destes é o fato do gás natural ser encontrado na presença de ambos os combustíveis”, explicou o pesquisador.

O GASODUTO URUCU-COARI-MANAUS

O gasoduto conduz o gás natural do Terminal Solimões (Tesol) no município de Coari até a Refinaria de Manaus (Remam) por uma rede de tubulações com uma extensão de, aproximadamente, 700 quilômetros atravessando os municípios de Coari, Codajás, Anori, Anamã, Caapiranga, Manacapuru e Iranduba.

Para a construção do gasoduto em Manacapuru, foram adquiridos 285 quilômetros de tubos. A obra de implantação dos dutos empregou 70% da mão de obra local.

Segundo dados do Executivo municipal, cerca de 8,9 mil trabalhadores atuaram diretamente na construção e outros 26,7 mil empregos indiretos foram gerados a partir da obra. Foram investidos cerca de R$ 4 bilhões financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).

Toda a extensão por onde a rede do gasoduto passa foi desapropriada. Cada proprietário de terra assinou uma escritura pública de instituição amigável em favor da Transportadora Amazonense de Gás S/A – TAG como outorgada beneficiária a empresa Camargo Correa/Skanska LA responsável pela colocação das tubulações.

Os proprietários permaneceram com o direito de transitar pela faixa de dutos, explorar culturas temporárias ou de pequeno porte, desde que sem o uso de arados, grades ou qualquer implemento agrícola de grande porte.

PRINCESINHA DO SOLIMÕES: RESULTADOS CONCRETOS EM MANACAPURU

A cidade de Manacapuru, conhecida popularmente como ‘princesinha do Solimões’, localiza-se à margem esquerda do Rio Solimões. Com uma população de, aproximadamente, 85,2 mil pessoas. O município atualmente ainda não tem se beneficiado do gasoduto.

“Por enquanto, o gás só passa na tubulação diretamente para Manaus, porém há a perspectiva do gás ser utilizado na geração de energia do município”, disse Alberto Luzerno Menezes.

Segundo o pesquisador, no primeiro momento houve um aumento na arrecadação de tributos e na geração de emprego e renda, porém após o término da obra o ritmo de crescimento ficou estável.

Os impactos ambientais foram maiores durante a implantação dos dutos, mas depois da conclusão da obra, as clareiras abertas foram reflorestadas impedindo assim a ocupação desordenada e o desmate nas áreas.

SOBRE O RH- INTERINSTITUCIONAL

O programa tem por objetivo conceder bolsas de mestrado ou doutorado a profissionais participantes de Projeto de Mestrado Interinstitucional (Minter) e Doutorado Interinstitucional (Dinter) ofertados no Amazonas, para realizar estágio obrigatório na instituição promotora. Por meio de seleção de propostas, que possam contribuir para a manutenção dos padrões de excelência e eficiência, adequados à ampliação da formação de recursos humanos de alto nível, imprescindíveis ao desenvolvimento do Amazonas e do País.

Fonte: Agência Fapeam, Camila Carvalho