ARTICULISTAS

Com vistas a viabilizar a governança do sistema local de ciência e tecnologia  proponho, objetivamente, fundir o CBA com a Fapeam e criar a Empresa Amazonense de Produção Agropecuária (EPAG). De um lado, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) tem por finalidade dar suporte “à pesquisa científica básica e aplicada e o desenvolvimento tecnológico e experimental”. Opera nas áreas de Ciências Agrárias; Ciências Humanas e Sociais; Ciências Exatas e da Terra; Engenharias; Ciências da Saúde; Ciências Biológicas; Linguísticas, Letras e Artes. São objetivos da Fundação o aumento do “estoque dos conhecimentos científicos e tecnológicos, assim como sua aplicação no interesse do desenvolvimento econômico e social do Estado”.

De outro, o CBA – Centro de Biotecnologia da Amazônia, subutilizado. Foi criado no âmbito do Programa Brasileiro de Ecologia Molecular para o Uso Sustentável da Biodiversidade – PROBEM, inscrito no Primeiro PPA – Plano Plurianual do Governo Federal, instituído em 2002 pelo Decreto nº 4284. Seu Conselho Diretor é representado pelos ministérios do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior – MDIC, da Ciência e Tecnologia – MCT, e do Meio Ambiente – MMA. Segundo os atos constitutivos, “o principal objetivo do CBA é transformar os conhecimentos gerados por institutos de pesquisa já existentes em produtos com valor agregado em toda a cadeia produtiva”. O Centro “vem desenvolvendo produtos e processos em parceria com instituições de ensino e pes      quisa e com a iniciativa privada”.

São objetivos do CBA, muito próximos aos da Fapeam, a) Contribuir para o desenvolvimento regional, com geração de  emprego e renda a partir da inovação biotecnológica; b) Promover o conhecimento da biodiversidade amazônica associado às tecnologias necessárias ao seu aproveitamento econômico com agregação de valor na região amazônica; c) Incentivar o desenvolvimento regional de produtos, processos e serviços biotecnológicos, nas áreas de saúde humana, agronegócio e industrial visando sua comercialização e inserção em cadeias produtivas. Suprindo 70% dos recursos financeiros necessários às suas operações, a Suframa é responsável pela administração e a principal mantenedora da instituição. O Governo do Amazonas participa do projeto através da Fapeam.

Dado o conjunto dos comprometimentos CBA/Fapeam com inovação tecnológica, a fusão desses órgãos proporcionaria condições favorecidas para otimização dos esforços de desenvolvimento ou aprimoramento de processos e produtos da biodiversidade amazônica, destacando-se: a) Ação integrada com a universidade e Centros de Pesquisa do setor público e privado (Rede de Laboratórios Associados – RLA); b) Aumento da densidade tecnológica no setor industrial (Parque Bioindustrial na região amazônica); c) Promoção de ambiente favorável à Inovação (oferta de serviços tecnológicos); d) Desenvolvimento e difusão de produtos e processos biotecnológicos com valor agregado em toda a cadeia produtiva. A EPAG pode atuar, no curto/médio prazo, no sentido de corrigir o gap tecnológico responsável  pelos baixos níveis de agregação dos resultados das pesquisas aqui produzidas por Inpa, Ufam, Fucapi, CBA e outras instituições. Exatamente esse abismamento torna a região incapaz de aproveitar o potencial da diversidade do bioma amazônica e transformá-lo e riqueza efetiva. Em relação ao setor primário, seriam de extrema relevância os efeitos decorrentes sobre a geração de pacotes tecnológicos ajustados às condições locais de solo e clima. Única condição supostamente capaz de tirar o Amazonas da condição de “traço” estatístico no conjunto da produção agropecuária brasileira.

 

Osíris Silva é colunista Especial de A Crítica

Este artigo foi divulgado anteriormente no Jornal A Crítica. A equipe do CIÊNCIAemPAUTA esclarece que o conteúdo e opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do site.