Queimadas causam mutações em células vegetais e do pulmão humano
Um estudo pioneiro demonstrou que o material inalável das queimadas na Região Amazônica causa mutações em células de vegetais e do pulmão humano. A pesquisa foi conduzida por Nilmara Alves, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), por meio de bolsa de doutorado e apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT para MC).
A Amazônia abriga um dos ecossistemas mais ricos e complexos do planeta. Para a pesquisadora, estudar os efeitos da poluição atmosférica na Amazônia implica em lidar com esta complexidade na área ambiental, social e cultural.
Os resultados mostram a presença de compostos conhecidos pelo potencial mutagênico e carcinogênico, por exemplo o benzo(a)pireno. Estes compostos foram encontrados principalmente no período de seca, no qual ocorrem intensas queimadas na floresta, como a queima de áreas de pastagem.
Este é o primeiro estudo na Amazônia que utiliza as células dos alvéolos do pulmão humano (in vitro) para mostrar os efeitos tóxicos das partículas inaláveis através de marcadores de mutação no DNA. “Este resultado também poderá orientar os tomadores de decisão sobre a avaliação do ambiente e nortear estratégias de política de saúde relacionadas com a exposição à queima de biomassa na região amazônica, levando em conta os riscos destes compostos tóxicos para a população”, afirma a pesquisadora.
Nilmara Alves também utilizou, nos testes de avaliação genotóxica, concentrações do material particulado inalável abaixo do limite de exposição estabelecido pelas legislações nacional e internacional e ainda assim foram observados danos genéticos, representando um risco para a saúde humana. Vale ressaltar que a Organização Mundial de Saúde classificou no ano passado a poluição do ar como cancerígena.
Este trabalho contou com a orientação da professora, Silvia Batistuzzo, da UFRN, e a colaboração dos pesquisadores Sandra Hacon, da Fundação Oswaldo Cruz – Rio de Janeiro, Pérola Vasconcelos, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), e Paulo Artaxo (USP), que já mostram em suas pesquisas os impactos das queimadas na Amazônia tanto para a saúde humana quanto para o clima regional.
Diante dos resultados deste trabalho. o grupo multiinstitucional continua avaliando os danos genéticos causados pelas queimadas na Amazônia, contando também com a colaboração do pesquisador Carlos Menck, da USP. “Os próximos passos são investigar os mecanismos de ação destas partículas inaláveis e como esta via de exposição representa um risco de incremento de câncer de pulmão na população da Amazônia brasileira”, afirma a autora do estudo.
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Fonte: CNPq