Jaime Aguiar, chefe do Laboratório de Físico-Química de Alimentos do Inpa
O Laboratório de Físico-Química de Alimentos (LFQA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) credenciou-se, no mês de abril, à Rede Nacional de Análise de Alimentos (Renali), passando a ser o único laboratório da região Norte do País a fazer parte da Rede.
O LFQA desenvolve pesquisas de análise de alimentos da flora e fauna da Amazônia e também com o aproveitamento de resíduos de pescado e fruteiras da Amazônia, transformando-os em produtos com alto teor nutricional, ricos em fibras e vitaminas.
Segundo um dos coordenadores do laboratório, o pesquisador em Ciências de Alimentos, Jaime Aguiar, os resultados das análises de alimentos do setor produtivo do Norte terão a garantia de confiabilidade e qualidade nos testes e ensaios, sem a necessidade de serem feitos em outras regiões.
O pesquisador falou ao portal CIÊNCIAemPAUTA sobre as pesquisas e os produtos desenvolvidas no Laboratório, financiamentos e a certificação da Renali, acompanhe.
CIÊNCIAemPAUTA: Qual a atividade do Laboratório de Físico-Química de Alimentos (LFQA)?
Jaime Aguiar: É analisar todos os alimentos da fauna e flora da Amazônia e aproveitar os resíduos de pescado e de frutos da Amazônia, como cubiu, camu-camu, açaí, pupunha e alimentos regionais para elaborar produtos de consumo alimentar. Aqui, nós selecionamos um fruto e fazemos sua caracterização quanto aos constituintes químicos, composição nutricional, proteínas, lipídios, minerais, cálcio, magnésio, etc. Depois, vimos qual o nutriente de maior quantidade e fazemos a sua biodisponibilidade. Se um fruto é rico em ferro, por exemplo, realizamos os estudos em animais de laboratório para verificarmos se o organismo está assimilando esse nutriente. Às vezes não adianta dizer que um alimento é rico em ferro se ele não é biodisponível. Então para fazer isso, o primeiro passo é a análise de caracterização dos alimentos. O Laboratório também elaborou a primeira Tabela de Composição de Alimentos da Amazônia, em particular das frutas, peixes e outros alimentos da Amazônia.
CIÊNCIAemPAUTA: O Laboratório já produziu algum material nesse sentido?
JA: Sim. O macarrão à base de casca de pupunha e a gelatina de peixe são produtos construídos aqui. A farinha da casca da pupunha para a produção de biscoitos, pães e o cereal matinal que será produzido tanto com a farinha da pupunha como com a farinha do açaí. Outra pesquisa que está sendo desenvolvida é da transformação da farinha do camu-camu em cápsulas para serem administradas no tratamento de pessoas com colesterol e triglicerídeo alto. A tabela de Composição de Alimentos da Amazônia que contém informações nutricionais dos alimentos da região, também foi criação nossa. Essa tabela vem auxiliar os profissionais da saúde, em especial nutricionistas, no estabelecimento de dietas adequadas aos indivíduos. A tabela está na sua 3ª edição e é distribuída para hospitais, universidades, indústrias, entre outros.
CIÊNCIAemPAUTA: O que significa a certificação da Renali para o LFQA?
JA: A finalidade de se integrar à Rede Nacional de Análise de Alimentos (Renali) é muito importante porque nos garante uma confiabilidade nos nossos testes. A Renali, como é formada por um conjunto de laboratórios públicos e de instituições sem fins lucrativos de todo o Brasil, considera em sua avaliação os padrões da legislação de qualidade laboratorial, estabelecidos pela Norma Regulamentadora ISO 17.025/2005. Essa Norma serve para comprovar que um laboratório executa suas atividades com precisão, garantindo um resultado final de alta qualidade.
CIÊNCIAemPAUTA: Há quanto tempo o Laboratório realiza suas atividades?
JA: O nosso Lboratório já é um pouco antigo, tem 30 anos de atividades na área de análise físico-química em alimentos de origem vegetal e animal e no desenvolvimento de atividades de aproveitamento de resíduos de pescado e de frutos da Amazônia.
CIÊNCIAemPAUTA: Como é a estrutura de pessoal no LFQA?
JA: Temos dois pesquisadores que coordenam o Laboratório, dois técnicos e a participação de alunos de graduação e mestrados que desenvolvem as pesquisas dos seus projetos dentro da instituição.
CIÊNCIAemPAUTA: Como as pesquisas são financiadas?
JA: Por meio de projetos de pesquisas financiados pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) que também é uma das parceiras do nosso Laboratório.
CIÊNCIAemPAUTA, por Mirinéia Nascimento