Trombose venosa profunda atinge especialmente as pessoas mais jovens
De repente, a perna fica quente, inchada, rígida e dolorida, e a pessoa não consegue andar ou realizar suas tarefas rotineiras. Essas são algumas das manifestações da trombose venosa profunda, terceira doença cardiovascular mais frequente no mundo. Com alta taxa de mortalidade, o problema compromete significativamente a qualidade de vida, sendo que grande parte das pessoas que desenvolvem a doença é formada por jovens.
A TVP ocorre quando se forma um coágulo sanguíneo (o trombo) no interior das artérias ou veias profundas, obstruindo a veia e impedindo a circulação de sangue no local. Ela ocorre mais frequentemente na perna ou na coxa, mas também pode atingir outras partes do corpo.
“A trombose venosa profunda consiste na obstrução total de uma veia troncular pela formação de um coágulo. Pode afetar qualquer parte do corpo, porém a mais famosa é a que ocorre nos membros inferiores (pernas)”, explica o cirurgião vascular Nelson Wolosker, do Hospital Israelita Albert Einstein.
“Entre 50% a 60% dos casos atendidos no meu consultório são pacientes jovens, entre os 20 e 40 anos de idade. Essa é a faixa de idade que as pessoas estão mais expostas aos fatores que desencadeiam o processo de trombose como gravidez, uso de anticoncepcional ou hormônios, tabagismo, acidentes, fraturas e traumas, cirurgias e viagens de avião, entre outros”, diz o cirurgião vascular Francisco Osse, diretor do Centro Endovascular de São Paulo.
Esse é o caso do especialista de soluções logísticas, Igor Pereira da Silva, que teve o problema com apenas 29 anos de idade. “Tive TVP depois que precisei fazer uma cirurgia de linfadenectomia (remoção cirúrgica de um ou mais grupos de linfonodos) por consequência de um tratamento de câncer que tive um ano antes. Eu estava ainda no hospital com uma dor horrível, não consegui sair andando depois de ter alta”, termina.
QUALIDADE DE VIDA
A TVP compromete significativamente a qualidade de vida. A dor no local impede que a pessoa exerça suas atividades diárias e requer longos períodos de repouso. Além disso, se não tratada adequadamente, pode-se desenvolver úlcera na perna.
“A presença de uma ulceração crônica na perna tem grande influencia negativa na qualidade de vida dessas pessoas. Além de causar dor e desconforto diários, há dificuldade na manutenção do emprego, na convivência de seu portador não só com seus familiares como com seus amigos, pois geralmente essas lesões eliminam secreção que muitas vezes exala odores próprios”, aponta Marilia Duarte Brandão Panico, professora de Angiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Silva relata o impacto da doença em sua vida. “Foi muito impactante porque eu havia acabado de terminar um tratamento duríssimo, uma verdadeira batalha contra um tumor de testículo com metástase no retroperitônio que durou mais de um ano e quando havia pensado que estava tudo bem, a trombose, logo no início, me impediu de andar, pois não conseguia sequer ficar de pé sem sentir dores”.
“Minha qualidade de vida, simplesmente deixou de existir. Passei quatro meses de repouso pois não consegui vestir a meia de compressão, porque minha perna estava muito inchada, e para poder ficar de pé, dependia de todos para tudo. Não podia cuidar nem do bebê sozinha, era completamente restrita ao leito e dependente”, conta a corretora de imóveis Sabrina Doro Feltran Gonzales, que teve TVP aos 35 anos, após um parto cesárea. “Minha perna esquerda estava muito inchada, vermelha, tinha petéquias (pontinhos vermelhos) por todos os lados nela e sentia muitas dores”, diz.
Fonte: UOL