Tecnologia inédita para segurança transfusional será implantada na FCecon
Uma tecnologia inédita no Amazonas está sendo implantada para teste na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), com o objetivo de otimizar as atividades desenvolvidas no Serviço de Hemoterapia da instituição (Banco de Sangue), aumentar a segurança transfusional e garantir o controle e rastreamento em tempo real das bolsas de sangue utilizadas no hospital, que hoje é considerado referência no tratamento do câncer em toda a Amazônia Ocidental. Trata-se da Identificação por Radiofrequência (RFID), que terá um software exclusivo em fase de desenvolvimento e entrará em funcionamento ainda este ano.
A implantação do sistema reúne uma equipe multidisciplinar e tem como base o projeto de mestrado em Ciências da Saúde, desenvolvido pelo farmacêutico e bioquímico da FCecon, Kleber Brasil, no âmbito do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
O projeto, que começou a ser desenvolvido ano passado, consiste na digitalização das informações relacionadas ao Banco de Sangue, gerenciado na FCecon pelo farmacêutico e bioquímico. Na prática, as bolsas, que hoje são registradas a partir de código de barras, receberão etiquetas para controle. A partir de placas e antenas de RFID, que serão instaladas nos andares que abrigam as enfermarias, Urgência e Emergência e Banco de Sangue, e que emitem e captam sinais de radiofrequência, será possível informar a compatibilidade de cada bolsa com o futuro receptor a partir da tipagem sanguínea, e controlar a entrada e saída do material, além da qualidade do mesmo.
O processo reduzirá o tempo de espera para a transfusão, uma vez que o processo burocrático para tal diminuirá. O sistema também permitirá, por exemplo, que o gerente do Banco de Sangue seja informado, automaticamente, quando o estoque estiver baixo, podendo adotar providências mais rápidas para o abastecimento.
Com o software, as informações sobre cada andar, fluxo de bolsas e de receptores, poderão ser armazenadas. Assim, será possível, futuramente, apontar o aumento ou redução da demanda, tipos de sangue mais utilizados nos procedimentos e as quantidades, os hemocomponentes, entre outros.
O projeto, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), e desenvolvido em parceria com uma empresa privada, está em fase de implantação e foi apresentado, no dia 7, a uma banca de doutores, durante aula de qualificação.
Segundo Kléber Brasil, a análise de dados para seu desenvolvimento, abrangerá 195 pacientes, inicialmente, e considerará apenas as transfusões de hemácias, as quais correspondem a 59% do total de transfusões registradas na Fundação. Após sua conclusão, os benefícios do RFID serão estendidos para todas as atividades realizadas no Banco de Sangue relacionadas às transfusões.
A implantação deverá ocorrer ainda este ano. Já o estudo será concluído no primeiro semestre de 2015, quando o mestrando fará a defesa da sua dissertação. “Com este projeto, poderemos contribuir para a evolução dos processos de hemovigilância, aumentando a segurança transfusional e reduzindo riscos inerentes à transfusão de hemocomponentes”, explica o mestrando.
“Será realizado, ainda, o acompanhamento das etapas de compatibilidade imunohematológica (entre doador e receptor)”, completou o bioquímico. A ideia é sugerir, futuramente, com base nos resultados, a implantação do sistema de forma permanente nas instituições de saúde.
Kléber Brasil ressalta, ainda, que o projeto abrange um estudo para avaliar as alterações biológicas ocorridas durante o armazenamento das bolsas etiquetadas, com o objetivo de dosar componentes como as hemoglobinas, glicose, pH, sódio, potássio, entre outros.
“Este projeto é o resultado de uma parceria extremamente profícua entre a FCecon e a Fapeam. Na área da pesquisa em saúde, irá proporcionar grandes benefícios aos pacientes atendidos em nosso hospital”, ressaltou o diretor-presidente da Fundação Cecon, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (Susam), pneumologista Edson de Oliveira Andrade. Kléber Brasil tem como orientadora a doutora em ciências pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), Kátia Luz Torres, Diretora de Ensino e Pesquisa da FCecon.
Fonte: FCecon