Drogas psicodélicas fazem nosso cérebro ‘sonhar acordado’, diz estudo

Imagem representa atividade cerebral sob efeito de drogas psicodélicas. Foto: Imperial College London

Drogas psicodélicas já foram tema de canções gravadas por bandas como os Beatles. E não por menos. Uma pesquisa divulgada, nesta quinta-feira (03), na revista Humain Brain Mapping esclarece que nosso cérebro, quando está sob efeito de substâncias como o LSD e os chamados “cogumelos mágicos”, demonstra os mesmos padrões de atividade verificados durante um sonho.

Essas drogas podem alterar profundamente a maneira como experienciamos o mundo, mas pouco se sabe a respeito dos seus efeitos físicos no cérebro. A nova pesquisa observou os impactos gerados na nossa mente pela substância química psicodélica presente nos cogumelos, chamadas psilocybin. Para isso, cientistas injetaram a droga em voluntários, que tiveram seus cérebros escaneados durante o trabalho.

O estudo deixou claro que, sob efeito da psilocybin, a atividade na região mais primitiva da rede cerebral ligada ao pensamento emocional se torna mais pronunciada, com muitas áreas ativadas ao mesmo tempo. Este padrão é o mesmo observado em pessoas que estão sonhando. Ao mesmo tempo, os voluntários sob efeito da psilocybin demonstraram atividade desorganizada na área do cérebro associada a pensamento intelectual, como planejamento, análise e consciência própria.

Os 15 voluntários receberam doses de psilocybin na corrente sanguínea e foram submetidos a aparelhos de ressonância magnética. Os pesquisadores também perceberam que diferentes áreas do cérebro conseguiram se comunicar de formas inovadoras, dando aos participantes um potencial mais variado de estados mentais, algo que os cientistas diagnosticaram como a contrapartida física da sensação de “expansão mental” frequentemente relatada por usuários de cogumelos mágicos, LSD e mescalina.

As drogas psicodélicas são únicas entre outras substâncias psicoativas à medida que seus usuários descrevem um estado de “expansão da consciência”, o que inclui frequência de associações, imaginação vívida e fantasias típicas de sonhos.

“O que fizemos nessa pesquisa foi começar a identificar as bases biológicas dessa expansão mental associada às drogas psicodélicas. Foi fascinante ver as similaridades entre os padrões de atividade cerebral de quando estamos sonhando e quando estamos sob efeito de drogas, especialmente porque ambos envolvem áreas primitivas do cérebro ligadas a emoções e memórias”, afirma o doutor Robin Carhart-Harris, do Departamento de Medicina da Faculdade Imperial de Londres.

Fonte: O Globo