Doenças e populações negligenciadas são debatidas na SBPC

Pesquisador Mitemayer Costa fala ao público sobre doenças e populações negligenciadas. Foto: Érico Xavier/Agência Fapeam

‘Doenças negligenciadas ou populações negligenciadas?’ Esse foi o título da palestra ministrada por Mitemayer Nery Costa, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT) e professor da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), na qual abordou as situações das doenças e das populações negligenciadas no País. Ele apresentou o contexto histórico e situação atual no Brasil.

A conferência faz parte da programação da 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontece na Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco.

Tal questionamento presente no título da conferência foi instigado pelo palestrante ao público, mostrando cenários e exemplos das duas situações. “As doenças negligenciadas sofrem mais com essa expectativa que se tem de uma ação translacional rápida – pesquisa que faz algo no laboratório e imediatamente traz um produto. Por que sofrem? Falha na ciência, no mercado e no sistema de saúde – falta de recursos humanos”, explicou Costa.

Mitermayer Costa listou as doenças que hoje são consideradas negligenciadas: dengue, doença de chagas, esquistossomose, hanseníase, leishmaniose, malária e a tuberculose.

“Por conta das desigualdades sociais e da transição demográfica, está aparecendo novamente no país um perfil de doenças e populações negligenciadas, por exemplo, a tuberculose de maneira mais perversa com bacilo resistente a drogas, a meningite bacteriana. Somado a este quadro, vamos ter as doenças não infecciosas, pacientes com hipertensão, diabetes, obesidade”, alertou.

Ao final, o pesquisador fez uma reflexão sobre a necessidade de envolvimento do cientista, comunidade e poder público atuando no combate destes problemas. “Não adianta o cientista gerar evidência e desenvolver o teste se o executor (prefeitura e governo) não se envolver. Hoje para pressionar, o nosso grupo de pesquisa está fazendo pesquisa baseada na comunidade”, concluiu.

SBPC 2014

Durante os cinco dias da 66ª Reunião Anual da SBPC também estão previstas atividades voltadas para os estudantes do ensino básico (SBPC Jovem), uma mostra de ciência e tecnologia (ExpoT&C) e a apresentação de atividades artísticas regionais e discussões sobre temas relacionados à cultura (SBPC Cultural).

Veja a programação da 66ª Reunião da SBPC

Neste ano, o diferencial da Reunião será a realização do ‘Dia da Família na Ciência’, no final de semana e debates a respeito da temática indígena, além da realização de rituais e apresentações musicais de povos indígenas do Brasil, Bolívia e Peru.

As principais associações científicas dos Estados Unidos, da China, da Europa e da Índia, além de pesquisadores renomados da América Latina, também estarão na reunião participando de debates sobre temas de impacto em política científica.

Fonte: Agência Fapeam, por Josiane Santos