Pesquisa analisa a fala de populações tradicionais em Humaitá
A linguagem verbal se relaciona com a cultura e as condições sociais das comunidades. Ela distingue as pessoas e as identifica com seu local de nascimento e suas experiências. Foi o que explicou a mestranda em Letras da Universidade Federal do Acre (Ufac), Ana Paula Teixeira Gouveia, que está desenvolvendo um projeto no qual analisa expressões novas presentes nas narrativas orais de populações tradicionais da Amazônia e como elas marcam a identidade social destas populações.
As novas palavras e expressões são denominadas de ‘neologismos’ e, segundo Gouveia, apontam traços culturais e a realidade social das comunidades. O estudo recebe aporte financeiro do Governo do Estado por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), via Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados para o Interior do Estado do Amazonas (RH-Interiorização – Fluxo Contínuo).
Parte do estudo foi apresentado na sessão de pôsteres da 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada de 22 a 27 de julho, na Ufac, em Rio Branco (AC).
No pôster, a mestranda expôs os neologismos semânticos (quando se dá um novo significado a uma palavra, somado ao significado que já existe) produzidos na comunidade do Projeto de Assentamento Agroextrativista Botos (PAE Botos), o qual está situado no município de Humaitá (distante a 590 quilômetros de Manaus).
Ela analisou 19 narrativas orais fornecidas por assentados do PAE Botos. Ao final das análises, Gouveia identificou que a metáfora e a polissemia são recursos semânticos visivelmente usados na formação dos neologismos. “Estes só fazem sentido se postos no contexto e no cenário em que são criados, apontando assim para os traços culturais e a realidade social dos assentados”, disse.
A metáfora é a palavra ou expressão que produz sentidos figurados por meio de comparações implícitas e a polissemia é o fato de uma determinada palavra ou expressão adquirir um novo sentido além de seu sentido original, com relação entre ambos.
RH-INTERIORIZAÇÃO
O Programa visa conceder bolsa de Mestrado e Doutorado a profissionais graduados residentes no interior do Amazonas há no mínimo quatro anos ou que mantenham relação de trabalho ou emprego com instituição municipal, estadual ou federal sediada ou com unidade permanente no interior do Estado, interessados em realizar curso de pós-graduação stricto sensu, em programa credenciado pela Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (Capes), em instituições no Amazonas ou em outro Estado brasileiro.
Fonte: Agência Fapeam, por Camila Carvalho