Já passam dos 60 anos, mas possuem autoestima e reclamações comuns a jovens
Fonte: CIÊNCIAemPAUTA, por Laize Minelli
Uma pesquisa realizada por alunos do ensino fundamental da escola Themístocles Pinheiro Gadelha, bairro Jorge Teixeira, zona Leste de Manaus, revelou os anseios, as necessidades e crenças do segmento da população que passou dos 60 anos e, segundo dados do último censo nacional divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já compreende em torno de três milhões da população brasileira.
Cinco alunos, Larissa Sampaio, Julie Silva, Marcia Colares, Herverlyn Vital e Carlos Filho, com idade de 12 a 14 anos, saíram pelas ruas do bairro Jorge Teixeira, terceira etapa, para conhecer o mundo de uma pessoa depois dos 60 anos e assim poder estudar a qualidade de vida desses idosos.
A ideia surgiu com o professor de Ensino Religioso, Ivan Nunes. Após conhecer o programa Ciência na Escola, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), ele resolveu elaborar o projeto e submeteu para avaliação. A proposta foi aprovada e a partir daí, ele passou a incentivar os alunos a estudarem a realidade da população da terceira idade a partir das perspectivas do próprio bairro.
ASPECTOS REVELADOS
“O modelo escolhido para a pesquisa é mesmo adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o WHOQOL-Bref, um questionário de 26 perguntas que abrange os aspectos físicos, psicológicos, sociais e ambientais”, explica o professor.
Após entrevistas com 107 idosos, o resultado foi bastante positivo. A pesquisa revelou que 62% dos idosos têm elevada autoestima e 45% estão satisfeitos com o que veem no espelho, ou seja, aceitam sem nenhum problema os sinais do tempo.
E engana-se quem pensa que o maior percentual de reclamações foi para perguntas relacionadas a dores e males da terceira idade. As reclamações são tais quais as de um jovem. A falta de dinheiro para satisfazer suas necessidades pessoais alcançou 60% do total e o desejo por mais opções de lazer – para não ficar sem fazer nada em casa – chegou a 49%.
No quesito espiritualidade, 72% acreditam que sua vida tem sentido e mais da metade, 58%, possuem sentimentos positivos na maior parte do dia.
EXPERIÊNCIA
A bolsista Larissa Sampaio, 14, participou pela primeira vez de um projeto de iniciação científica. Ela disse ter considerado interessante avaliar o universo das pessoas da chamada melhor idade. “Quando íamos fazer as entrevistas, os idosos eram sempre muito atenciosos e acabavam contando mesmo sobre suas vidas. Então, ficamos conhecendo histórias muito interessantes”, contou. Ela destacou ainda outros aspectos que a experiência proporcionou. “Aprendemos a liberar a voz, falar em público, fazer gráficos, estatísticas. Tudo isso foi muito importante”, comentou.
Já o professor Ivan Nunes comemora o resultado e ressalta a importância do projeto na vida dos alunos. “Todo mundo ganhou. A escola, os alunos, e eu também”, disse. Segundo o professor, o apoio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas (SECTI-AM) e da Fapeam são imprescindíveis para formar uma nova geração de pesquisadores. “Sem contar que esse tipo de iniciativa também cria oportunidade para que os alunos possam exercer o papel de agente social dentro da comunidade”, finalizou.
Edição: Lisângela Costa