Fiocruz obtém patente por método inédito de desenvolvimento de vacinas
No final de 2012, um estudo publicado na revista científica Nature comprovou que uma abordagem inovadora poderia ser utilizada para buscar uma vacina contra a Aids. Por trás da descoberta, estava um método desenvolvido na Fiocruz para elaborar imunizantes contra diversas doenças utilizando como base a vacina para a febre amarela.
Recém-patenteada nos Estados Unidos, esta tecnologia – criada pelos pesquisadores Myrna Bonaldo, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), e Ricardo Galler, do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) – agora é reconhecidamente uma invenção brasileira, com propriedade intelectual protegida pelo United States Patent and Trademark Office (UPTO).
A patente foi concedida à Fiocruz no dia 9 de setembro, após quase dez anos de tramitação. Este prazo é avaliado como normal por Myrna, que considera o reconhecimento da invenção uma conquista da ciência brasileira. “O processo é naturalmente demorado. Nós fizemos o depósito da patente no Brasil no final de 2005 e, em seguida, solicitamos a proteção da inovação no próprio Brasil, nos Estados Unidos e na União Europeia. O registro norte-americano foi o primeiro concedido. Além dos benefícios práticos, a patente é um reconhecimento de que a Fiocruz tem capacidade técnica e de inovação nesta abordagem”, afirma a pesquisadora.
Após a concessão da patente, os interessados em utilizar a metodologia desenvolvida na Fiocruz para produzir vacinas precisarão de autorização da instituição, que pode ser remunerada por isso. O prazo de proteção da invenção é de 20 anos.
Aplicada desde 1937, a vacina contra a febre amarela está na base da metodologia patenteada. Para prevenir a infecção, este imunizante utiliza vírus vivos atenuados, capazes de se multiplicar no organismo do paciente em quantidade limitada, que não é suficiente para provocar a doença. Assim, as células de defesa podem aprender a reconhecer o patógeno, ficando prontas para responder rapidamente em caso de uma possível infecção. Considerando a segurança e a eficácia desta vacina, os pesquisadores da Fiocruz decidiram utilizar os vírus atenuados da febre amarela para prevenir outros agravos. Através de engenharia genética, eles desenvolveram um método para inserir genes de outros micro-organismos no material genético destes vírus. O resultado é a criação dos chamados ‘vírus recombinantes’, que podem ‘ensinar’ as células de defesa dos pacientes a reconhecer outras infecções.
Fonte: Agência Fiocruz