Renato Soares, pesquisador

Soares afirmou que o projeto avaliará a eficiência técnica e a economicidade da pesca nas regiões do baixo e médio rio Madeira, no Amazonas. Foto: Érico Xavier/AgênciaFapeam

O rio Madeira, na Amazônia, é considerado o 5º maior do mundo em volume de água, que geram, por meio da atividade pesqueira, trabalho e renda aos pescadores dos municípios que fazem parte de sua calha. Um exemplo disso são os pescadores de Humaitá, Manicoré, Novo Aripuanã e Borba, que têm a pesca como atividade secundária, mas primordial para a geração de renda na região.

Mensurar a eficiência da atividade pesqueira para melhorar os métodos utilizados e garantir uma maior economicidade e renda aos pescadores é um dos objetivos do projeto de pesquisa ‘A atividade pesqueira na região do Médio e Baixo rio Madeira: análise econômica e eficiência técnica’.

Coordenado pelo doutor em Biologia de Água Doce e Pesca Interior pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifam), Renato Soares, o estudo é financiado pelo governo do Estado via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), em parceira com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio do Programa de Infraestrutura para Jovens Pesquisadores – Programa Primeiros Projetos (PPP).

Em entrevista à Agência Fapeam, o pesquisador contou detalhes sobre a execução do estudo e afirmou que, ao final do projeto de pesquisa, elaborará um plano de manejo para pesca nas regiões do baixo e médio rio Madeira. Confira:

Agência Fapeam: Qual objetivo do projeto?

Renato Soares: Vamos avaliar a eficiência técnica e a economicidade da pesca nas regiões do baixo e médio rio Madeira, no Amazonas.

Agência Fapeam: Que benefícios essa análise da eficiência técnica gerará a comunidade e aos pescadores?

RS: Para os pescadores, eles poderão tornar mais eficiente sua maneira de pescar. Queremos que se diminua o uso de insumos (gelo, combustível, etc), através do uso eficiente, melhorando, por exemplo, sua caixa de gelo e a construção de barcos menores porque, atualmente, os barcos são muito grandes e mal dimensionados para a pesca.

Agência Fapeam: Quais municípios compreendidos dentro da pesquisa?

RS: Na região do médio rio Madeira, os municípios de Humaitá e Manicoré, distantes, respectivamente, 590 e 332 quilômetros da capital. No baixo rio Madeira, os municípios de Novo Aripuanã e de Borba, distantes, respectivamente, 227 e 151 quilômetros da capital.  O município de Nova Olinda do Norte (135 quilômetros da capital) foi excluído porque a pesca é comercializada mais em Manaus do que no município.

Agência Fapeam: Qual importância social e econômica da atividade pesqueira para essa região?

RS: É uma das principais atividades econômicas dessa região. A calha do rio Madeira tem uma característica importante, que é uma agricultura de várzea muito forte. Nesse contexto, a pesca é uma atividade importante e secundária para geração de emprego e renda.

Agência Fapeam: Durante a execução do projeto, quais foram os resultados obtidos?

RS: Estamos analisando os dados, pois tudo ficou meio confuso com a construção das barragens. Os peixes não sabem se desovam, se migram para fazer a dispersão. Em princípio, isso não alterou a atividade pesqueira. Quanto à análise da eficiência técnica, temos de finalizar o estudo para analisar os dados.

Agência Fapeam: Um dos seus objetivos também é elaborar um plano de manejo para a região. De que forma isso será feito?

RS: É o grande resultado desse projeto. Ele (plano) é fruto das conversas que tenho com os pescadores. Passo horas dentro das canoas de pesca, dos barcos, conversando com os pescadores para produzirmos este plano a quatro ou muitas mãos. É muito mais fácil fazer a norma quando há um acordo, quando há um diálogo. Com esse tipo de abordagem, o plano será bem melhor. Ele será oferecido às agências que regulamentam a pesca na região.

Não é um plano de manejo com 100 páginas, ele será simples, de fácil entendimento aos pescadores e regionalizado. Ele conterá, entre outros, o período adequado para a pesca, a proibição das espécies específicas para a calha do rio Madeira.

Fonte: Agência Fapeam, por Camila Carvalho