Comunidade de Parintins registra evento raro entre tracajás

Há seis anos desenvolvendo trabalho de conservação de quelônios na Comunidade do Macurany, no município de Parintins (a 369 km de Manaus), a aposentada Jecy Maria Evangelista, relatou um episódio raro entre a espécie. De um único ovo transplantado, nasceram dois tracajás (Podocnemis unifilis) unidos pelo vitelo (umbigo), que alimenta o embrião durante o seu desenvolvimento.

Segundo ela, já houve casos em que um tracajá nasceu sem os olhos, unido pelo casco (peito) e albino. “Todos que nasceram com alguma deficiência morreram, não sabemos as causas que estão levando a estes problemas”, relatou.

Com o peso de 6g e 10g, e tamanho de 4cm e 5cm respectivamente, os filhotes nasceram no dia 5 de dezembro e no dia 12 houve a separação da espécie. “Acredito que dessa forma eles podem sobreviver e dificultar a predação de inimigos naturais, aumentando a possibilidade de sobrevivência”, disse.

A comunidade do Macurany foi alvo de uma pesquisa de dois anos (2010 a 2012) sobre Educação Científica a partir de conservação de quelônios amazônicos, coordenada pelo professor do Centro de Estudos Superiores de Parintins, David Xavier.

“Durante nossa pesquisa registramos apenas o nascimento de um filhote albino e procuramos envolver as escolas como intermediárias de nossas ações. Ensinar ciências não esbarra no objetivo de torná-la uma disciplina decorativa em sala de aula, mais algo que faça parte da vivência e do modo de vida de cada pessoa de forma crítica e necessária para sua vida”, destacou.

Este ano nasceram 227 tracajás de 230 ovos coletados na Comunidade do Macurany, e que deve realizar a soltura em 2013. Os tracajás agora separados receberam o nome dos netos da Dona Jecy, Silvio (maior) e Silas (menor) e se alimentam naturalmente de ração, couve e alface.

Fonte: UEA