Dinossauros usavam penas para cortejar parceiros
Pesquisas recentes têm questionado a imagem que a cultura popular – Hollywood, em particular – faz dos dinossauros. Em vez de lagartos gigantescos, eles se pareceriam mais aos pássaros modernos, com seus corpos cheios de penas. Mais que isso, os estudos têm demonstrado que, como em algumas aves, as penas ostentadas pelos dinossauros poderiam ter função meramente reprodutiva, para ajudar na hora do cortejo e acasalamento.
Uma nova pesquisa publicada nesta sexta-feira na revista Acta Palaeontologica Polonica mostra mais evidências de que as penas eram importantes para a reprodução desses animais. Após analisar os ossos fossilizados das caudas de quatro espécies de dinossauros, os pesquisadores concluíram que havia ali uma estrutura para sustentar um grande leque de penas, como a dos pavões e perus.
Os paleontólogos estudaram uma fusão nas últimas vértebras das caudas de quatro espécies de oviraptorossauros, dinossauros herbívoros de duas pernas que habitavam as atuais regiões da China e Mongólia durante o período Cretáceo. Segundo a pesquisa, apesar de algumas espécies serem separadas por cerca de 45 milhões de anos, todas possuíam a mesma estrutura na ponta da cauda. “A estrutura é chamada de pigóstilo. Entre todos os animais modernos, apenas os pássaros a possuem”, afirmou Scott Persons, paleontólogo da Universidade de Alberta e autor do estudo.
RECONSTITUIÇÃO
De todos os fósseis analisados, apenas o de uma espécie guarda evidências de penas. Os restos do Similicaudipteryx, um dos primeiros oviraptorossauros, mostram penas saindo justamente dos ossos fundidos na ponta de sua cauda. Como ele não era um dinossauro voador, os pesquisadores concluíram que as penas deveriam ter outra função. Uma pesquisa anterior, publicada na revista Nature em abril de 2010, já havia mostrado que o Similicaudipteryx trocava de penas durante o seu desenvolvimento, um padrão diferente das aves atuais.
Segundo Scott Persons, essa penas tinham uma função reprodutiva, e a estrutura de ossos em sua cauda servia para que o animal chacoalhasse o grande leque de plumas. As vértebras individuais na base da cauda eram pequenas e numerosas, indicando grande flexibilidade. Ao comparar a estrutura com a dos répteis e aves modernos, Person concluiu que o dinossauro tinha grandes músculos nessa região, com um número suficientemente grande de conexões com as vértebras para balançar as penas vigorosamente para os lados e para cima.
Nenhuma evidência fóssil de penas foi encontrada nos oviraptorossauros que descenderam do Similicaudipteryx, mas Persons afirma que existem fortes indícios de que eles também as possuíam. Como esses dinossauros mantiveram a mesma estrutura na ponta de suas caudas, elas ainda deviam servir para o mesmo propósito que as de seu ancestral: acenar com um grande leques de penas. “Nesse período, uma variedade de dinossauros também usava suas penas para voar e se isolar contra o frio. Isso mostra que, ao final do Cretáceo, os dinossauros usavam suas penas para fazer tudo que os pássaros modernos fazem”, afirma o pesquisador.
Fonte: Veja