ARTICULISTAS
* Osíris Silva
O próximo Fórum Mundial de Ciência, que será realizado no Rio de Janeiro em novembro de 2013, é o primeiro evento sobre o tema a ter lugar fora da Hungria. O Fórum é organizado pela Academia de Ciências húngara em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) , o International Council for Science (ICSU), a American Association for the Advancement of Science (AAAS), a Academy of Sciences for the Developing World (TWAS), o European Academies Science Advisory Council (EASAC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC). Integra o comitê organizador a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
A reunião de 2013 terá por tema central ?Ciência para o Desenvolvimento Global Sustentável?. A SBPC e a ABC em conjunto com diferentes parceiros (Andifes, Capes, CNPq, CGEE, Confap, Consecti, Unesco, MCTI) estão organizando reuniões temáticas com o intuito de promover uma ampla discussão nacional sobre o tema central , a serem realizadas em São Paulo, Belo Horizonte, Manaus, Salvador, Recife, Porto Alegre e Brasília.
O encontro preparatório de Manaus, o terceiro da série, teve lugar no Auditório da Ciência do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) na semana passada, de 28 a 30 de novembro, recém-findo. O evento foi realizado com a parceria da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), INPA, EMBRAPA, UEA, UFAM.
Pesquisadores e especialistas de diversas áreas e representantes do poder público debateram o tema ?diversidade tropical e ciência para o desenvolvimento?. Foram discutidas questões relacionadas a trópico úmido, uso de recursos naturais tropicais, educação e cultura, ética e ciência e ciência para inclusão social e redução da pobreza nos trópicos.
Não é difícil reconhecer a amplitude das curvas que sintetizam as assimetrias amazônicas. Destaco a respeito dois pontos de inflexão: a) ambiguidades da ciência, expostas pela professora Socorro Chaves , da Ufam, que exigem, como forma de equilibrá-la, senso ético de tal sorte a colocar o homem como centro e principal beneficiário do processo de geração de conhecimento, tecnologia e inovação, complementando-se; e b) novas formas de consumo em resposta às necessidades de mudar o padrão tecnológico de produção ajustado às assimetrias regionais , do ponto de vista da professora Terezinha Fraxe, também da Ufam.
Dentre diversos pontos levantados nos debates, chamo atenção para estes: a) a percepção de uma discussão sobre o que dá certo ou não, visando a gerar conhecimentos mais objetivos na região; b) a até aqui pouca praticidade nas soluções apontadas pela pesquisa e o poder público; e c) a urgência de superar o discurso essencialmente teórico, que não alcança ressonância junto à sociedade. Os caminhos do desenvolvimento regional mantêm-se impedidos por ausência de políticas públicas, programas e projetos ajustados às condições de nossa biodiversidade.
Segundo o diretor geral do Inpa, Adalberto Val , como não se conhece, ao longo da história, país tropical desenvolvido, não há referencial de modelo em que se basear. A Amazônia, por conseguinte, terá que gerar suas próprias tecnologias. Nesse sentido, saliento a alusão do prof. Odenildo Sena, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) a um plano específico de CT&I ajustado às condições socioambientais da Amazônia. Em elaboração cooperada pelas SECTIs da região, deverá estar concluído até meados de 2013.
A tarefa é árdua dada à abrangência de soluções requeridas para romper centenárias amarras que prendem a região ao improviso e à carência de políticas públicas consistentes.
Este artigo foi divulgado anteriormente no Jornal da Ciência. A equipe do CIÊNCIAemPAUTA esclarece que o conteúdo e opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do site.