“A Ciência que eu faço” traz a trajetória de cientistas

25/10/11 – Revelar a pessoa que existe por trás de cientistas brasileiros renomados. Com essa ideia na cabeça e uma câmera de vídeo na mão, a jornalista do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Vera Pinheiro, desenvolve o projeto "A Ciência que eu faço", uma série de entrevistas no formato de filmes de curta duração. O trabalho é voltado para professores e estudantes do ensino fundamental e médio e mostra como são as pessoas que fazem ciência no Brasil. Os depoimentos mostram as trajetórias profissionais e como surgiu o interesse pela carreira de cientista.

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"O projeto começou há dois anos, estava na Semana Nacional olhando a garotada que participava das feiras, percebi que ainda tem esse mito de que cientista é gênio e  comecei a pensar: será?", conta Vera.

Desde então, a jornalista gravou cerca de 200 depoimentos e 150 estão editados e disponíveis na internet. No rol dos entrevistados figuram desde ex-ministros de ciência e tecnologia e cientistas de excelência reconhecida até jovens pesquisadores que ganharam prêmios ou apresentaram trabalhos em feiras internacionais. "Descobri histórias muito interessantes. Percebi que muitos tiveram incentivos de professores ou dos pais e outros que tiveram uma curiosidade nata sobre o assunto que trabalham hoje. São pessoas que também tinham o sonho de ser jogador de futebol, piloto de avião ou bailarina. Tem muito cientista engraçado e que, além de pesquisadores, são músicos ou escrevem poesias também", revela Vera.

Para a jornalista, o interessante é mostrar para os jovens como começar uma carreira científica e dar mais informações sobre as profissões, mostrando as atividades mais variadas. A ideia é mostrar que muitos cientistas já trabalharam ou estudaram outras coisas. "Acho que o importante é não ter pressa na escolha da profissão, a multidisciplinaridade permite que um leque maior de opções, e quem entra em uma faculdade e depois muda não está perdendo nada, pelo contrário", avalia.

Vera destaca que as biografias apresentadas são histórias de luta, de muito esforço e dedicação, e que muitas vezes a carreira científica começou tarde. "Existem histórias reveladoras nesses depoimentos, que mostram muita batalha. Tem casos de pesquisadores que são filhos de imigrantes e também de origem pobre. Muitos deles foram os primeiros da família a se alfabetizarem", disse.

Vera destaca como exemplos o depoimento de Adalberto Luís Val, que trabalhava na roça no interior de São Paulo e hoje é o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. E também do diretor do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, Emir Suaiden, que trabalhava como porteiro aos 18 anos e nunca tinha entrado em uma biblioteca.

Até agora, o projeto teve pouco apoio financeiro, somente do Departamento de Difusão e Popularização da Ciência do MCTI. "Mas a ideia é que eu consiga continuar com esse projeto, aumentar o número de depoimentos, o leque de profissões e colocar mais cientistas das áreas sociais. Tem muita coisa ainda para ser explorada", conta Vera.

Desde o ano passado, os vídeos passaram a integrar a mostra VerCiência, realizada na Semana Nacional de C&T. Neste ano, 14 depoimentos foram selecionados e são divulgados como um ‘aperitivo’ antes do programa, do mesmo tema, a ser exibido.

Os vídeos estão disponíveis no site da Semana Nacional de C&T http://semanact.mct.gov.br/index.php/content/view/4294.html. Alguns vídeos também podem ser vistos na WebTV do portal do MCTI e no site Youtube.

Fonte: Jornal da Ciência