Agricultores aprendem sobre produção orgânica de hortaliças
A Embrapa Amazônia Ocidental realizou a palestra “Cultivo consorciado de hortaliças folhosas sob manejo orgânico”. A apresentação foi ministrada pela pesquisadora Marinice Cardoso, sendo direcionada a aproximadamente 20 agricultores orgânicos e estudantes da zona rural (filhos de agricultores), que visitaram a Unidade de Observação (UO) sobre consorciação de hortaliças de folhas, localizada no Campo Experimental do Caldeirão, no município de Iranduba (AM), local do evento.
Conforme a pesquisadora, a UO vem sendo conduzida em condições de cultivo protegido na terra firme, com adoção de manejo orgânico e ênfase no uso de biofertilizantes. A couve-de-folhas, a alface, o coentro e a cebolinha são as espécies componentes do consórcio. Segundo Marinice, estas hortaliças são muito cultivadas pelos agricultores familiares e têm elevado consumo pela população amazonense.
A palestra sobre cultivo consorciado de hortaliças teve duas partes: a primeira aconteceu no Centro de Treinamento do Campo Experimental do Caldeirão e a segunda no próprio local da UO instalada. Durante a palestra, a pesquisadora enfatizou que essas espécies oferecem alternativa para um desenho de consorciação de grande valor para os agricultores familiares, por se buscar melhor aproveitamento dos insumos e da mão de obra, geralmente da própria família, em capinas e outros tratos culturais.
Em relação à alface, duas cultivares participam do desenho de consorciação: a Regina, que é lisa, e a Solaris, crespa – ambas com tolerância ao pendoamento precoce (florescimento precoce em condições de temperaturas elevadas), característica importante, já que o pendoamento precoce compromete o desempenho da cultura. “Embora exista preferência por alfaces crespas, existe parcela da população que recebe bem a alface lisa, e esse tipo de alface poderá ser um diferencial em termos de alface orgânica, além da cultivar Regina ser muito precoce”, destacou a pesquisadora.
Além do consórcio, os estudos visam avaliar o desempenho das cultivares de couve-de-folhas, alface, coentro e cebolinha submetidas ao manejo orgânico, que é bastante diferente do cultivo convencional. Segundo a pesquisadora, unidades de produção agrícola familiar podem explorar melhores nichos de mercado baseados na oferta de produtos “mais naturais, saudáveis e ecologicamente corretos”, desde que sejam capazes de garantir, via normas e procedimentos pré-estabelecidos, que a produção mantenha os atributos de qualidade vendidos ao consumidor.
Toda a temática abordada na palestra constituiu atividade do projeto Biofertilização em cultivo solteiro e consorciado de hortaliças sob manejo orgânico em condições de terra firme no Estado do Amazonas. O projeto, liderado pela pesquisadora Marinice Cardoso, é desenvolvido pela Embrapa Amazônia Ocidental com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), além da colaboração de professores/pesquisadores da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA/Ufam) e do Programa de Pós-graduação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), com envolvimento de estudantes nas pesquisas.
OUTRAS ESPÉCIES
Outras espécies que vêm sendo estudadas pela equipe de pesquisadores da área de olericultura da Embrapa Amazônia Ocidental, como parte do projeto, são feijão-de-metro, feijão-vagem e quiabo, pela pesquisadora Cristiaini Kano; pepino, pelo pesquisador Isaac Cohen; pimentão, pelo pesquisador Rodrigo Berni; além de validação participativa voluntária do uso de biofertilizante, pela pesquisadora Joanne Régis da Costa. Adicionalmente, estudos sobre o controle biológico da traça-das-crucíferas com Polybia sp vêm sendo conduzidos por Cristiane Krug e Flávia Batista, pesquisadora e analista, respectivamente, do Laboratório de Entomologia.
Fonte: Embrapa Amazônia Ocidental