Alessandro Dinelli, empreendedor da Descarte Correto
CIÊNCIAEMPAUTA, POR MIRINÉIA NASCIMENTO
Diante da realidade de que o lixo tecnológico é um dos novos problemas da modernidade, o empresário amazonense, Alessandro Dinelli, criou um negócio inovador, que tem como foco a gestão de resíduos tecnológicos, que envolve a coleta, reciclagem e destinação correta do chamado ‘lixo eletrônico’.
Em 2010, quando foi promulgada a Lei 12.305/2010 de Política Nacional de Resíduos Sólidos, que obriga as empresas a proceder a doação ou reciclagem de equipamentos eletrônicos usados ou com defeito, o empreendedor enxergou nisso uma oportunidade de negócio e criou a empresa Descarte Correto.
Segundo Dinelle, que antes de montar a Descarte Correto já trabalhava com inclusão digital e recuperava computadores obsoletos doados por empresas, foi ao se deparar com uma grande quantidade de lixo eletrônico que já ocupava duas salas de sua casa que começou a enxergar uma oportunidade de negócio, e a se questionar se essa seria uma realidade da maioria da população mundial.
Acompanhe a entrevista concedida pelo empreendedor ao Portal CIÊNCIAemPAUTA e conheça um pouco mais sobre lixo tecnológico, mais um problema ambiental da vida moderna.
CIÊNCIAemPAUTA: O que é classificado como lixo eletrônico?
Alessandro Dinelle: Computador, monitor, impressora, notebook, mouse, teclado, estabilizador, celular, bateria, televisor, câmera fotográfica, ventilador, geladeira e até mesmo fogão. Ou seja, é considerado lixo eletrônico todo resíduo material proveniente do descarte de equipamentos eletrônicos compostos por substâncias químicas que contaminam o solo e a água.
CIÊNCIAemPAUTA: Como está o Brasil na questão do descarte correto do lixo eletrônico?
AD: Antes de montar a Descarte Correto realizei algumas pesquisas para saber sobre o cenário nacional e tive conhecimento de estatísticas alarmantes. Segundo o Greenpeace, o Brasil ocupava, naquele momento, a liderança entre as nações emergentes na geração de lixo eletrônico, mais até que os países desenvolvidos. O relatório de 2010 do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) apontava que o lixo tecnológico descartado por pessoa equivale a 0,50kg no Brasil. Porém, nesse mesmo período, a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi sancionada, estimulando a responsabilidade compartilhada e foi daí que tive a ideia de criar a empresa.
CIÊNCIAemPAUTA: O que seria a responsabilidade compartilhada?
AD: Segundo a Lei 12.305/2010, até agosto de 2014, devem ser estruturados sistemas de logística reversa que viabilizem o retorno de certos tipos de resíduos ao setor responsável por sua produção e distribuição, para a destinação correta. Isso quer dizer que as fábricas e lojas serão responsáveis pelo descarte correto desses equipamentos. Mas o poder da decisão de fazer o descarte correto ou incorreto também está nas mãos de todos nós consumidores. Quem já não viu uma televisão jogada na rua? Cadê a responsabilidade do fabricante? Hoje, a maioria das pessoas possui celular que são trocados geralmente a cada três anos. Onde jogar o antigo? Onde estará seu notebook daqui a três anos? A lei está aí, temos cobrar o seu cumprimento, enquanto cidadãos.
CIÊNCIAemPAUTA: O que é feito com os equipamentos tecnológicos que a Descarte Correto recebe?
AD: A empresa recebe os equipamentos tecnológicos de empresas privadas, órgãos do Governo e até mesmo de usuários comuns. No caso dos computadores, com defeitos ou não, eles são desmontados, descaracterizados, recondicionados e adaptados. Depois disso, eles passam pelas etapas de montagem, instalação de software, limpeza e embalagem. Os computadores remontados são encaminhados para os Centros de Inclusão Digital e os resíduos são destinados a empresas parceiras de reciclagem.
CIÊNCIAemPAUTA: Onde ficam esses centros de inclusão digital?
AD: As escolas funcionam em espaços comunitários, como igrejas e sedes de associações de moradores. Em contrapartida ao empréstimo dos computadores e ao programa das aulas, nós pedimos que os moradores doem equipamentos velhos ou quebrados, como celulares e computadores, em pontos de coleta que são instalados nesses locais.
CIÊNCIAemPAUTA, por Mirinéia Nascimento