Alunos desenvolvem gibi sobre a história do Amazonas

17/01/2012 – Nada melhor que uma boa história em quadrinhos para prender a atenção do leitor até o final, ainda mais quando se trata de jovens em fase de formação. Fazer estudantes se interessarem por assuntos do cotidiano não é uma tarefa fácil, mas para os alunos da Escola Estadual Milburges Bezerra de Araújo, no bairro Raiz, zona sul, isso está se tornando um trabalho inovador.

O projeto intitulado ‘Uma viagem pela memória histórica do Teatro Amazonas – Utilizando a produção de história em quadrinho como ferramenta de ensino aprendizagem no ambiente escolar’, coordenado pelo professor Antonildo Correa Serrão, alia a história de Manaus a uma revista em quadrinhos, de modo que os alunos se interessem pelos fatos históricos ocorridos durante a formação da cidade e o despertar pelo senso crítico e interpretativo.

De acordo com o coordenador, Serrão, a ideia surgiu para que os estudantes tivessem uma noção crítica em relação a grande epopeia amazônica. "No ano de 2010 o trabalho de fazer e escrever histórias com ajuda dos alunos sobre os mais diversos assuntos foi um sucesso, sendo assim pensei que no ano de 2011 continuaríamos a escrever, mas desta vez unindo a história aos quadrinhos. Isso tem dado certo, há um interesse real por parte dos bolsistas em aprender história", explicou.

O projeto consiste em demonstrar, através de revista em quadrinhos, a Belle Époque, um período em que Manaus era chamada de paris dos trópicos devido a influência da imigração e extração do látex, o que segundo historiadores foi a matéria-prima produtora da grande transformação urbanística e arquitetônica da cidade.

De acordo com Serrão, o trabalho dos alunos mostra um pouco da sociedade local nos séculos XIX e XX. "A revista aborda os assuntos; a Belle Epoque, látex e o Teatro Amazonas, os quais contribuíram para o crescimento da cidade na virada do século XIX e XX. Na última década do século XIX, grandes obras públicas foram erguidas trazendo todo o esplendor com uma mistura de movimentos artísticos europeus. Foi nesse momento que a sociedade local, iniciou sua própria identificação cultural", ressaltou.

O projeto é uma ação do Governo do Estado do Amazonas, que por meio da Fundação de Amparo á Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), fomenta o Programa Ciência na Escola (PCE), como uma forma de estimular jovens estudantes ao aprendizado sobre o campo das ciências.

Fases

O projeto se encontra em fase de andamento, porém o processo de elaboração do gibi já passou pelas etapas de levantamento histórico sobre a cidade de Manaus e o auge da borracha, as pesquisas de campo e oficinas sobre técnicas de criação da história em quadrinhos. Atualmente para finalizar o trabalho será feita uma exposição mostrando todos os passos necessários para fazer sua própria revista em quadrinhos.

O coordenador salienta ainda que mesmo com o projeto em andamento o interesse dos alunos pela história do estado se intensificou. "Vejo que há um interesse maior dos estudantes, pois agora eles passam mais tempo na biblioteca pesquisando,  isso mostra resultados bastantes significativo no desempenho escolar".

Apoio

O professor Serrão ressalta a importância do PCE em escolas públicas. "A FAPEAM, por meio desse programa transforma os jovens e faz com que eles se interessem por assuntos sobre meio ambiente, história e entre outros. Nossa revista em quadrinhos agrega história, isso é fundamental, pois contribuirá não só para assimilação da matéria, mas para que eles saibam mais sobre a cidade e sua formação".

Belle Époque

No início do século XX, as grandes obras públicas e arquitetônicas começaram a ser feitas. Nesse momento a sociedade amazonense, iniciou sua identificação própria vista como representação da Belle Époque.

Na virada dos séculos XIX e XX a população de Manaus que era de aproximadamente de 29 mil habitantes em 1872 passou para 61.000 em 1900. A agitação ligada à circulação de passageiros e de mercadorias no porto evidenciava que a Paris dos Trópicos crescia. Com a reestruturação urbana e a economia do látex em alta, a capital passou a ser sede das elites agro exportadoras. Grandes negociantes, técnicos e outros profissionais vieram se firmar na região.

Teatro Amazonas

Construído inicialmente em 1882, e foi inaugurado em 31 de dezembro de 1896, no auge do ciclo econômico da borracha, na administração do governador Fileto Pires Ferreira. É o principal patrimônio cultural arquitetônico do Amazonas. O Pano de Boca foi pintado por Crispim do Amaral e a decoração do Salão Nobre executada pelo italiano Domenico de Angelis. Tombado como patrimônio histórico em 28 de novembro de 1966, este prédio tem capacidade para 701 pessoas na plateia e nos andares de camarote. Todas estas informações faram parte da história em quadrinhos criada pelos estudantes.

Sobre o PCE

Incentivar alunos dos ensinos fundamental, médio e de educação profissional a participarem de projetos de pesquisa desenvolvidos em escolas públicas municipais e estaduais da capital e interior do Amazonas. O programa é realizado em parceria com as secretarias Estadual de Educação (Seduc) e Municipal de Educação (Semed), e de Ciência e Tecnologia (Sect-AM).

Fonte:  Agência FAPEAM, por Rafaela Vieira (Redação) e Ulysses Varela (Edição)