Armadilhas de pesca são tema de exposição do Museu da Amazônia

A pesca, ao lado da agricultura, é a principal atividade de subsistência dos povos indígenas do Alto Rio Negro. Com isso em mente, o Museu da Amazônia realiza, em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA), a exposição “Peixe e Gente”. Ela aborda os conhecimentos, mitos e conceitos indígenas sobre a origem dos peixes e suas relações com a humanidade.

A exibição, instalada no Jardim Botânico Adolpho Ducke, traz peculiaridades acerca da forma de pescar dos indígenas do rio Tiquié, região da bacia do Rio Negro. Segundo o curador da exposição, Aloisio Cabalzar, existem várias formas de realizar a atividade. Algumas delas são usadas com mais frequência, outras são mais especializadas. Há pescas que se aplicam apenas a certos eventos específicos do calendário ou a locais determinados, como cachoeiras, igapós e canais estreitos.

Cabalzar, que é também autor do livro que dá nome à exposição, explicou a possibilidade de pescar com as mãos em casos de espécies de bodó nas lajes das cachoeiras, sem o auxílio de quaisquer instrumentos. Em outras situações, é preciso preparar armadilhas grandes e complexas, que tomam os dias de vários homens para serem construídas. “A maioria dessas armadilhas é feita para que os peixes entrem, mas não consigam sair. Assim, eles permanecem vivos, já que ficam submersos”, disse o curador.

A colocação das armadilhas é orientada pelo conhecimento das passagens no leito dos rios e nas cachoeiras e dos locais onde os peixes se deslocam. Algumas são colocadas a favor da correnteza do rio e, outras, contra. No local da mostra, é possível adentrar a floresta para passeio entre as trilhas, onde se encontra o museu vivo.

A produção do evento reuniu antropólogos, artistas plásticos, desenhistas, arquiteto e narradores indígenas. A mostra deve permanecer em cartaz por, aproximadamente, seis meses.

Fonte: Portal Amazônia