Arte indígena é tema de pesquisa apresentada em Manaus
23/08/2012 – Debater e discutir sobre as expressões culturais da cultura brasileira foi a tônica no segundo dia do Colóquio ‘Arte e Sociabilidades: pesquisa, colaboração e fronteiras’. O evento reuniu alunos, professores e pesquisadores no Salão do pensamento amazônico Péricles Moraes, da Academia Amazonense de Letras (AAL).
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O colóquio é uma iniciativa do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Brasil Plural, que é financiado pelo Governo do Estado do Amazonas, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O evento é organizado pelo Grupo de Pesquisa Mbara, Estudos sobre Arte, Cultura e Sociedade da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e pelo Núcleo de Estudos Arte, Cultura e Sociedade na América Latina e Caribe/UFSC (Musa).
Antropologia indígena
Entre os trabalhos apresentados a pesquisa intitulada ‘Flautas, canções e sonhos: ciclos de criação e performance musical entre os Wuaja do Alto Rio Negro’, desenvolvida pelo doutor em Antropologia Social da Universidade Federal da Santa Catarina (UFSC), Acácio Piedade chamou a atenção. O pesquisador contou que a iniciativa de estudar a musicalidade da etnia Wuaja nasceu da parceria feita entre seu orientador Rafael Bastos.
"Meu orientador já vinha feito trabalhos com a etnia Kamayurá, isso me motivou a trabalhar com uma etnia desta mesma área por já conhecer suas pesquisas e a musicalidade riquíssima dessa região. Alguns sons você só encontra naquela região", contou o pesquisador, destacando que o estudo teve a duração de quatro anos, sendo um ano voltado para o trabalho de campo na etnia do Alto Xingu.
De acordo com a organizadora do evento e doutora em Ciência Social (Antropologia Social), Deise Lucy Montardo, o colóquio conseguiu chegar ao seu objetivo principal, que é passar informações sobre pesquisas sobre a cultura indígena feitas no Amazonas e também de mostrar a atuação da rede de pesquisadores na região amazônica.
"Nos dois dias de realização do colóquio, que abordou música, teatro e políticas indígenas, por meio de palestras e pesquisas, a sociedade amazonense pôde ver como a rede de pesquisadores está atuando no Estado. Vários pesquisadores de outros Estados do Brasil vieram discutir e refletir como está a antropologia hoje e como ela pode ajudar nas questões sociais atuais. Trabalhamos fortemente para que acontecesse essa troca de informações e para que haja a consolidação de mais pesquisas nessa área na região", frisou Montardo.
Arte indígena
Outro destaque do evento foi o trabalho da bolsista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Ufam, Rosseline da Silva Tavares, que trouxe ‘Reflexões sobre uma experiência de formação de artistas plásticos indígenas na cidade de Manaus: Instituto Dirson Costa de Arte e Cultura Amazônicas’.
O trabalho apresentado no colóquio com o título ‘Koch-Grunberg no Atelier: apropriação do livro Dois Anos Entre os Indígenas, por artistas indígenas’ traz um recorte da pesquisa ainda em andamento. A ideia inicial do trabalho era fazer uma reflexão sobre a formação dos artistas plásticos indígenas na cidade de Manaus e o porquê da utilização deste livro.
"O Instituto Dirson Costa de Arte e Cultura Amazônicas (IDC) tem a intenção de formar artistas indígenas através da escola Ye Pá. Houve três amostras artísticas e numa delas o tema foi o livro alemão de Koch-Grunberg que mostrava, por meio de fotos, sua viagem de dois anos entre os índios. Esse livro serviu de inspiração para que os artistas indígenas fizessem suas pinturas. Isso mostra a preocupação do instituto em fazer com que a formação se tornasse relevante", enfatizou Tavares.
A estudante afirmou que o apoio da Fapeam é de grande valia para aqueles que querem entrar na carreira científica. "Eu apresentei esse trabalho financiado pela Fapeam e isso é muito importante para um graduando que está percorrendo esse caminho. Fico feliz por termos um leque de opções para que pesquisas sejam fomentadas”, finalizou.
Fonte: Agência Fapeam, por Rafaela Vieira