Astrônomos falam de descoberta de cometa ‘Sonear’ em Oliveira, MG
Esta foi a primeira vez que brasileiros encontraram um cometa a partir de observações feitas no País e com equipamentos brasileiros. Ele foi visto no último dia 12 e a confirmação feita no dia 16 pela União Astronômica Internacional (IAU).
João Ribeiro de Barros que mora em Oliveira, é um dos astrônomos que descobriu o cometa chamado de C/2014 A4 Sonear, junto outros dois mineiros de Belo Horizonte, Eduardo Pimentel e Cristóvão Jacques. O observatório com nome de Sonear, onde o cometa foi descoberto fica a dois quilômetros de Oliveira, em uma zona rural.
SONEAR
O observatório Sonear funciona constantemente e é monitorado pelos três astrônomos. O objetivo, segundo João Ribeiro, é descobrir objetos próximos à Terra, como asteroides e cometas. A pesquisa começou há cerca de um mês e foi pela facilidade de ver o céu com pouca poluição luminosa, que os amadores escolheram a cidade de Oliveira para as pesquisas. “Queríamos um céu livre de poluição luminosa presente em grandes centros. Aliado a isso, eu havia comprado essa propriedade justamente para construir o observatório, em seguida convidei meus dois colegas e parceiros para, juntos, darmos continuidade ao projeto que é destinado a pesquisas científicas”, contou.
A equipe realiza uma espécie de patrulha no céu e é através de fotos tiradas em tempos variados que eles analisam os corpos celestes. “O telescópio fica programado todas as noites para fotografar o céu. Todos os dias é feita uma programação com agendamentos e a partir dessa agenda é delimitada as áreas do céu onde o telescópio vai captar as imagens”, contou.
O equipamento é capaz de fotografar centenas de imagens, três vezes em cada área do céu. “Se há um objeto que se move de maneira diferente e, que foge do padrão do restante do céu, passamos a analisá-los. Esses objetos podem ser um a luzes provocadas por reflexos, ou até mesmo algo conhecido. Por isso a ação tem que ser rápida”, comentou.
O telescópio é capaz de proporcionar uma visão de 373 mil vezes mais que a visão humana. “O olho humano ideal em um local ideal e com ausência total de poluição luminosa e com uma visão excepcional consegue visualizar objetos em magnitude denominada seis. Esse telescópio, que é um olho grande acoplado a uma câmera CCD, consegue visualizar em magnitude 20”, relatou João.
SURPRESA
Os pesquisadores não esconderam o orgulho e a surpresa em terem encontrado o cometa. João Ribeiro disse, entre risos, que ainda não se acostumou com a ideia. “Trabalhamos como voluntários e não temos os mesmos equipamentos das grandes universidades e institutos de pesquisa. O avanço da tecnologia possibilitou diminuir a distância entre o astrônomo profissional e o amador, portanto consideramos isso um feito e ficamos imensamente felizes em contribuir com uma descoberta tão importante para a ciência”, contou.
DESCOBERTA
Jacques comentou também que levou tempo para chegaram à conclusão de que se tratava realmente de um cometa. “Minha dúvida foi em relação ao objeto. Ele tinha características de um asteroide, por isso me questionei e enviamos as imagens para o Minor Planet Center da IAU para que eles também pudessem checar”, ressaltou.
Fonte: G1