Atlântico era 2 vezes mais salgado há 100 milhões de anos, dizem cientistas

A descoberta ocorreu durante obras de perfuração no local. Foto: Reprodução

A descoberta de um bolsão de água encontrado a cerca de mil metros de profundidade na região da Baía de Chesapeake, na Virgínia, nos Estados Unidos, permitiu a cientistas estimarem características do Oceano Atlântico entre 100 milhões e 150 milhões de anos atrás. A análise, publicada na revista de ciência Nature, mostrou que o Oceano Atlântico tinha água com duas vezes mais concentração de sal do que tem hoje.

Essa é a idade aproximada da água preservada nas profundezas do local, formado após o impacto de um grande meteorito 35 milhões de anos atrás.

Entre 65 milhões e 140 milhões de anos atrás ocorria o período Cretáceo, um tempo em que dinossauros ainda andavam sobre a Terra.

A associação do bolsão de água da Baía de Chesapeake com o período Cretáceo foi possível graças à identificação, em sua composição, de compostos químicos como cloreto e brometo.

A descoberta ocorreu durante obras de perfuração no local, feitas com o objetivo de estudar como a superfície da Terra absorveu o impacto que formou a baía.

O conhecimento advindo da análise da água deve ajudar a ciência a entender melhor a hidrologia dessa região do hemisfério Norte.

“Evidências anteriores sobre temperatura e níveis de salinidade de oceanos em épocas passadas ao redor do mundo eram estimadas indiretamente, com base na análise de sedimentos encontrados em suas profundezas”, disse o pesquisador Ward Sanford, do Centro de Pesquisas em Geologia dos Estados Unidos.

“Nosso estudo, em contrapartida, encontrou água do mar que se manteve intacta em sua localização geográfica, permitindo a nós estimar diretamente sua idade e salinidade”.

MOSQUITO NO ÂMBAR

Essa não é a primeira vez que geólogos encontram água ancestral nem é a água mais velha já achada no planeta, mas o bolsão de Chesapeake compreende a maior quantidade já encontrada de água datada de tempos longínquos.

Em material divulgado pelo órgão, técnicos compararam o estado de preservação da água a um “mosquito preservado em uma pedra de âmbar”. “Foi um achado surpreendente, algo que não estávamos procurando nem ao menos esperando”, afirmou Sanford ao jornal.

Fonte: UOL