Bebês ensaiam mentalmente antes de dizerem suas primeiras palavras
Você pode não perceber, mas seu filho pensa muito antes de falar, e até ensaia palavras novas. É o que revela um novo estudo publicado este mês pela revista Proceedings of the National Academy of Science (PNAS). Segundo a pesquisa, um bebê ensaia mentalmente os movimentos exigidos pela fala muito antes de ele dizer uma palavra.
O trabalho de investigação de cientistas ligados ao cérebro na Universidade de Washington, em Seattle, pode explicar a razão de um bebê, por vezes, demonstrar expressões intensas ou de confusão quando você está falando com ele. As chances são de que ele esteja se concentrando para perceber como a sua boca é capaz de produzir aqueles sons.
Os pesquisadores observaram como reagem os cérebros de bebês depois de ouvir determinadas sílabas. A equipe usou uma técnica que mede diferenças magnéticas sutis causadas por mudanças na atividade cerebral para entender quais áreas do cérebro atuam quando um bebê ouve uma sílaba.
Diferentemente de outras formas de ler o cérebro, neste método é permitido um pouco de movimento, o que é ótimo para uma pesquisa feita com crianças, já que elas não conseguem ficar muito tempo paradas. De acordo com um integrante do trabalho, a universidade contou com um funcionário responsável por balançar brinquedos para bebês enquanto eles tinham seus cérebros escaneados.
Em bebês de sete meses de vida, as áreas cerebrais importantes para o movimento e a audição ficaram ativas quando os bebês ouviam uma sílaba familiar. Já em bebês um pouco mais velhos, o cérebro se comportava diferente: áreas auditivas estavam envolvidas, mas as motoras tinham papel secundário. Esta resposta motora fraca de bebês de 11 meses e também de adultos pode indicar familiaridade com o som.
Aos 11 meses, a sílaba pode já ter se tornado familiar e as áreas motoras do cérebro não precisam trabalhar tanto para repetir o movimento. Esta ideia se molda também ao que acontece quando os bebês de cerca de 1 ano de idade ouvem uma sílaba que não existe em sua língua materna: subitamente essas áreas motoras ficam ativas.
Os resultados do estudo têm a ver com o que já se conhece sobre a linguagem dos bebês. No início, eles captam todo e qualquer som, mas durante a segunda metade do primeiro ano, eles escolhem e se concentram na linguagem mais frequentemente falada no ambiente que o cerca.
Fonte: O Globo