Bolsa filtradora de hemácias traz nova perspectiva a pacientes transfusionais

29/11/11 – Uma nova técnica, ainda em estudo, permite ao paciente uma recuperação mais segura sem riscos de reações em transfusões sanguíneas. Segundo a bióloga da Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam), Francimary Cavalcante, um novo produto considerado inovador no mercado, a bolsa coletora de sangue filtradora de hemácias, pode ser o responsável por essa nova perspectiva aos pacientes que necessitam de transfusões de sangue.

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A pesquisa intitulada ‘Estudo do impacto de medidas de leucorredução na prevenção de reações transfusionais’, desenvolvida com o auxílio do Governo do Estado do Amazonas, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, no âmbito do Programa de Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde (PPSUS), tem por objetivo avaliar o impacto da técnica de filtração pré-estocagem no concentrado de hemácias transfundidas em pacientes atendidos na Fundação Hemoam.

Bióloga e mestre em Biotecnologia, Francimary explicou que, no período de seis meses, foram acompanhados cerca de 50 pacientes durante as transfusões. Segundo a pesquisadora, a principal necessidade observada foi a aplicação de uma técnica eficaz capaz de minimizar um tipo de reação transfusional mais comum, como a Reação Febril Não Hemolítica (RFNH).

A RFNH ocorre, na maioria das vezes, em razão de efeitos adversos, que acabam por interferir no tratamento de alguns pacientes. Foram utilizados como indicadores transfusionais pacientes politransfundidos, com solicitação do uso de concentrados de hemácias lavadas, e pacientes com transfusão programada, para que pudessem receber o acompanhamento da pesquisadora nos processos de pré, durante e pós-transfusão.

Dispositivo

Segundo a pesquisadora, a bolsa de plástico, geralmente, é constituída por três dispositivos, nos quais o sangue acumulado é fracionado em três produtos: o plasma fresco, concentrado de plaquetas e de hemácias.

“Essa bolsa é denominada de quádrupla, é composta por quatro ramificações mais um filtro, que é uma malha intercalando entre uma bolsa e outra. Quando é realizada a coleta de sangue, é feita a filtração sem abri-la, impedindo a contaminação do sangue concentrado, isso possibilita maior segurança nesse procedimento no âmbito desse tratamento. 

Reação Transfusional

Qualquer tipo de reação que o paciente venha a ter durante a transfusão ou após o procedimento pode apresentar sintomas como febre, calafrio, tremores e, em casos mais graves, pode ocorrer ataque cardíaco provocando o óbito.  Segundo a pesquisadora, existem vários tipos de reações transfusionais, mas o foco do estudo é a reação febril.  

Para Cavalcante, isso ocorre com bastante frequência, principalmente nos concentrados de hemácias, pois a partir deles são realizados três tipos de análises. Ela disse também que existe uma incidência de 89% de reações transfusionais. 

Diminuição de Leucócitos

A pesquisa, até o momento, apontou uma diminuição significativa no número de leucócitos (a partir do uso dos filtros de leucorredução), que são as células envolvidas na liberação de citocinas pró-inflamatórias. “As citocinas pró-inflamatórias, analisadas neste estudo, são substâncias causadoras de alguns efeitos adversos à transfusão, tais como as reações febris não hemolíticas”, completou a pesquisadora.

Benefício da pesquisa

Para Francimary, além de proporcionar o benefício de uma transfusão segura e eficaz, sem o risco de desenvolver reações transfusionais e correr o risco de interromper o tratamento, a pesquisa irá promover um melhor entendimento de tais efeitos. Dessa maneira, Cavalcante acredita que o estudo promoverá discussões técnico-científicas sobre as medidas encontradas para tornar a transfusão mais segura e eficaz.

Apoio da FAPEAM

Segundo a pesquisadora, a FAPEAM é de fundamental importância para a pesquisa em nosso Estado, pois proporciona por meio das várias linhas de pesquisa, o aporte necessário para o desenvolvimento de estratégias fundamentais para o avanço de novas tecnologias.

“O estudo tem um custo diferenciado do que é normalmente utilizado na rotina do Hemoam, o que não seria possível sem o financiamento da FAPEAM”, finaliza.

Saiba mais sobre o PPSUS

O Programa de Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde (PPSUS), desenvolvido em parceria com o Ministério da Saúde e o CNPq, consiste em apoiar com recursos financeiros projetos de pesquisa que visem à promoção do desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação na área de saúde no Estado do Amazonas.

Fonte: Agência FAPEAM, por Sebastião Alves