Brasil e América Latina lançam contribuições ao fórum mundial
A Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) apresentaram nesta quinta-feira (21), no Seminário Brasil – Ciência, Desenvolvimento e Sustentabilidade, no Rio de Janeiro, o documento Ciência para o Desenvolvimento Sustentável Global: Contribuição do Brasil e a Declaração da América Latina e Caribe para o Fórum Mundial da Ciência (FMC).
Os dois documentos contribuem para os debates da sexta edição do FMC, de domingo (24) a quarta-feira (27), também na capital fluminense. A publicação brasileira sintetiza as discussões realizadas em encontros preparatórios em sete metrópoles nacionais, de agosto de 2012 a agosto de 2013. Já a declaração regional se baseia em textos diplomáticos elaborados a partir de encontros promovidos por Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Conselho Internacional para a Ciência (Icsu, na sigla em inglês), Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
“A nossa preocupação sempre foi a de demonstrar a capacidade do que estamos fazendo hoje na ciência não só no Brasil, mas nos países latino-americanos e caribenhos, e a importância cada vez maior da cooperação entre esses países, do intercâmbio entre as nossas universidades e os laboratórios supranacionais que estamos construindo”, disse o secretário executivo do MCTI, Luiz Antonio Elias, durante diálogo com jornalistas e convidados.
ABORDAGEM
Elias recordou que o processo de preparação do documento nacional teve como fator motivador o papel do saber em questões típicas de países em desenvolvimento: “Olhamos a ciência como elemento central não só para a educação, mas para o acesso ao conhecimento e a redução das nossas assimetrias, como uma ponte para agregar valor aos produtos da nossa pauta de exportações, para rompermos restrições históricas ao desenvolvimento”.
De acordo com o presidente da ABC, Jacob Palis, boa parte dos temas a serem tratados no FMC tem a “cara” do Brasil. “A primeira sessão vai ser sobre desigualdade como barreira para o desenvolvimento global sustentável”, adiantou o acadêmico, que ainda citou tópicos de relevância nacional como a exploração de recursos naturais – com ênfase particular para a Amazônia –, a inovação e a formação de engenheiros, além da saúde na terceira idade.
Palis informou que a sede do FMC 2017 deve ser definida e anunciada no próximo domingo (24), durante a abertura do evento mundial, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A próxima edição, em 2015, ocorre na Hungria.
Representantes dos setes Encontros Preparatórios ao FMC apresentam, nesta sexta-feira (21), ainda no Seminário Brasil, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), uma síntese das discussões realizadas em São Paulo, Belo Horizonte, Manaus, Salvador, Recife, Porto Alegre e Brasília.
DOCUMENTOS
Ao destacar pontos da Declaração da América Latina e Caribe, o membro da ABC, Luiz Davidovich atribuiu a existência do texto ao aumento da sensibilidade dos países da região a ciência, tecnologia e inovação. “Temos a maior concentração de água doce do planeta, uma grande biodiversidade e um sumidouro de gás carbônico”, afirmou. “Paralelamente, temos desafios como megalópoles, alta vulnerabilidade a catástrofes naturais, desigualdade regional, baixo nível tecnológico, educação ainda deficiente e poucos pesquisadores”.
Segundo Davidovich, a declaração enfatiza a necessidade de fortalecer o ensino da ciência em todos os níveis, promover a igualdade de gênero em ciência e tecnologia, fortalecer parques tecnológicos e incubadoras e incentivar a pesquisa em mudanças climáticas e desastres naturais, entre outros pontos. O documento latino-americano também foi comentado pelo diretor do Escritório Regional de Ciência e Tecnologia da Unesco, Jorge Grandi.
A presidenta da SBPC, Helena Nader, lembrou que os sete encontros discutiram a ética e a integridade como pressupostos fundamentais à ciência, além da importância da colaboração regional.
Fonte: MCTI