Cartografia, linguística na Amazônia e monitoramento ambiental foram temas expostos na Reunião Regional da SBPC, em Oriximiná
02/04/12 – A importância da cartografia no aprendizado da geografia, as particularidades linguísticas da Amazônia paraense e as formas de monitoramento ambiental no estuário amazônico. Esses foram alguns dos assuntos que repercutiram durante a Reunião Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), ocorrida no último fim de semana, em Oriximiná, no oeste do Pará. Todos estão inseridos no tema do evento, "Educação e Ciência na Amazônia – 2ª edição".
"Alfabetizar um aluno na leitura de mapas é tão importante quanto ensiná-lo a ler e escrever". Assim começou sua palestra a professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Márcia Aparecida da Silva Pimentel, que abordou o tema ‘A Cartografia no Processo de Ensino-Aprendizagem de Geografia’. "Os professores têm que trabalhar com a familiarização da cartografia antes mesmo de ensinar geografia", aconselha Márcia.
A pesquisadora apresentou a recente história da cartografia, lembrando dos objetivos geopolíticos e militares no século XIX. Nos anos de 1930, a cartografia procurava se tornar um campo da ciência e muitos geógrafos começaram a se interessar pelo tema como campo de estudo. Após a Segunda Guerra Mundial, a cartografia, "prosperou muito" e nos anos de 1970 passam a ser considerados aspectos científicos, artísticos e técnicos, aproximando-se da arquitetura, comunicação e design.
A questão da territorialidade também surgiu, de modo que foi necessário criar uma linguagem cartográfica, baseada na semiótica. Márcia também destacou o aspecto cognitivo da cartografia. "O mapa é desencadeador de significados dos quais o usuário já tem um prévio conhecimento", relata.
"Mas quando" – Ediene Pena Ferreira, professora da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), apresentou o tema ‘A Pesquisa Linguística no Oeste do Pará: Algumas Análises do Português do Interior da Amazônia’. Ela contou as atividades do grupo de estudo que coordena na universidade desde 2008. "Trabalhamos com a perspectiva que, para estudar uma língua, é preciso observar os usos dela. Por isso vamos in loco para ver como o habitante realiza o vernáculo", conta.
Focando na cidade de Santarém, a equipe pesquisou grupos de diferentes escolaridades, faixas etárias, entre outros aspectos. "Alguns usos nos chamam a atenção, como o do ‘mas quando’ no falar de Santarém. É uma negação que pode dar ênfase, expressar dúvida ou espanto", exemplifica. O grupo também está envolvido em pesquisas para um projeto nacional para a História do português brasileiro.
Monitoramento – Por sua vez, a também docente da UFPA, Karla Tereza Silva Ribeiro apresentou a palestra ‘Monitoramento Ambiental no Estuário Amazônico: Um Breve Resumo’, em que citou diversos casos de monitoramento ambiental no Pará. Ela define como um "processo de coleta de dados, estudo e acompanhamento científico e sistemático de variáveis ambientais com o objetivo de identificar e avaliar as condições dos recursos naturais em determinado momento".
As variáveis não são apenas físicas, como as chuvas e as correntezas, mas também sociais, econômicas e institucionais. Depois de citar o problema da falta de saneamento adequado na região, Karla deu exemplos de estudos como o que ocorreu durante a epidemia de cólera nos anos 90.
Fonte: Jornal da Ciência, por Clarissa Vasconcellos