ATLAS DOS CIENTISTAS
Cientista fez estudos sobre o problema da fome e da miséria
Josué Apolônio de Castro nasceu em 5 de setembro de 1908, na cidade de Recife. Concluiu o curso de Medicina pela Universidade do Brasil em 1929 e três anos depois se tornou livre docente em Fisiologia, da Faculdade de Medicina do Recife. Josué de Castro é uma destas figuras marcantes de cientista que teve uma profunda influência na vida nacional e grande projeção internacional nos anos que decorreram entre 1930 e 1973.
Dedicou o melhor de seu tempo e de seu talento para chamar a atenção para o problema da fome e da miséria que assolavam e que, infelizmente ainda assolam, o mundo. Foi um cientista incansável e, na metade do século passado, contrariando o pensamento então dominante, empreendeu trabalho científico que desnaturalizava a fome. Em 1946, escreveu o livro “Geografia da Fome” e, em 1951, “Geopolítica da Fome”, onde afirmava que a fome não era um problema natural, isto é, não dependia nem era resultado dos fatos da natureza, ao contrário, era fruto de ações dos homens, de suas opções, da condução econômica que davam a seus países.
Nas obras científicas que se seguiram, Josué ampliou suas convicções e aprimorou seus conceitos, visando sempre a inclusão social. Compreendeu que era imprescindível aumentar a renda do trabalhador, e foi um dos precursores na defesa do salário mínimo. Sabia dos males que a nutrição deficiente, nas crianças, poderia acarretar, e ajudou a formular a política de merenda escolar, iniciativa que ainda hoje atende a expressivo número de estudantes em nosso País. Tinha convicção de que a agricultura familiar era a melhor forma de fixar o homem no campo e possibilitar sua alimentação. Assim, combateu o latifúndio e defendeu a reforma agrária. Recebeu o Prêmio Internacional da Paz e indicações para receber o Prêmio Nobel da Paz .
Josué percebeu, prematuramente, as agressões que sofria o meio ambiente e colocou-se como um combatente ecológico, em tempos em que até a expressão ainda era novidade. Após uma trajetória científica brilhante, Josué de Castro teve seus direitos políticos cassados pelo regime militar que dominou o País a partir de 1964. Exilou-se em Paris onde passou a lecionar na Sorbonne, morrendo em 24 de setembro 1973, sem ter voltado vivo ao seu País, sem ter, ao menos, recebido oficialmente e nominalmente anistia. Foi um homem a frente de seu tempo.
Fonte: Site SNCT 2009